São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011 |
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ANÁLISE Escrutínio pode minar candidatura a presidente francês PEGGY HOLLINGER DO "FINANCIAL TIMES", EM PARIS Foi com descrença que os franceses receberam a notícia da prisão de Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), nos EUA. O ex-ministro socialista das Finanças era visto, até sábado, como a melhor esperança da esquerda de chegar ao poder na eleição presidencial do próximo ano. Strauss-Kahn nega as acusações, mas elas lançam uma luz forte sobre sua vida particular, algo que pode dificultar qualquer possível recuperação política. Horas após a formulação das acusações, os teóricos conspiratórios já agiam a todo vapor. Amigos e aliados sugeriram que ele pode ter sido vítima de uma campanha difamatória por parte do governo, assustado com suas posições nas pesquisas. Outros apontaram para o fato de a suposta agressão ter ocorrido numa suíte de hotel cuja diária custa US$ 3.000, uma semana depois do vazamento de fotos de Strauss-Kahn no Porsche de um assessor. O gosto do diretor-gerente do FMI pelo luxo é conhecido, assim como seu fraco por aventuras amorosas. Mas as fotos deram munição a rivais políticos que questionaram se um "socialista tomador de champanhe" -casado com a herdeira milionária de uma fortuna obtida com a venda de obras de arte- é a pessoa mais qualificada para representar a esquerda. Professor de economia e advogado empresarial, Strauss-Kahn esperava ter o apoio do Partido Socialista nas primárias, com o argumento de que poderia representar um novo socialismo. Em pesquisa feita em abril pela revista "Paris Match", Strauss-Kahn emergiu como o único socialista que poderia derrotar Sarkozy, com 27% dos votos no primeiro turno contra 20%. Muitas pessoas na França têm ignorado o lado mulherengo de Strauss-Kahn até agora. Mesmo quando ele foi investigado por possível abuso de poder, em 2008, depois de um caso extraconjugal com uma funcionária do FMI -sendo inocentado da acusação-, as reações não foram muito além de risos. Mas o clima na França está mudando. Sarkozy vê sua popularidade cair em meio a uma rejeição profunda a seu comportamento pessoal. Agora pode ser impossível para os eleitores franceses profundamente conservadores, que viam Strauss-Kahn como alternativa a Sarkozy, ignorarem as atividades do diretor do FMI. Texto Anterior: Caso reabre debate sobre papel do Fundo Próximo Texto: EUA tentam evitar 'novo Katrina' em enchentes Índice | Comunicar Erros |
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