São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Sabotagem visa o principal canal de escoamento iraquiano, em Basra; conserto pode demorar dez dias

Ataque corta 70% da produção de petróleo

DA REDAÇÃO

Novos ataques contra oleodutos iraquianos reduziram ontem a produção de petróleo do país a 30% de seu nível do pós-guerra -que, por sua vez, já é inferior ao nível anterior ao confronto e à capacidade de produção do país.
"Foram dois casos de sabotagem. Estamos avaliando a situação", disse o ministro do Petróleo, Thamir Ghadhban, sobre os ataques contra um oleoduto que serve os tanques de armazenamento na região de Basra (sul), por onde escoa a maior parte da produção do país. Bombeiros contiveram o fogo, mas a estimativa é que o conserto leve de sete a dez dias.
Empresas petroleiras que operam na região calculam que a produção tenha caído para menos de 500 mil barris diários, de uma média de 1,7 milhão no pós-guerra.
Mais tarde, foi anunciado um ataque contra um outro oleoduto no norte do país, mas não foram divulgados detalhes.
O Iraque é dono da segunda maior reserva de petróleo, atrás apenas da Arábia Saudita, mas, antes da guerra, sanções da ONU limitavam a produção do país a 2,1 milhões de barris diários. O novo governo quer atingir esse nível até julho, o que analistas acham improvável.
O futuro governo vê a sabotagem como um dos maiores problemas do país. Na semana passada, o premiê Iyad Allawi estimou que, nos últimos sete meses, ataques assim tenham custado aos iraquianos US$ 200 milhões.
Desde a invasão, em março de 2003, a receita do petróleo é mantida em um fundo gerido pela Autoridade Provisória da Coalizão. No próximo dia 30, quando tomará posse o governo interino, o fundo passará aos iraquianos.

Tensões
Insurgentes voltaram a atacar civis estrangeiros que prestam serviços no país ontem, atirando contra um comboio perto de Bagdá. Até a noite, não havia dados ainda sobre vítimas.
Na véspera, sete estrangeiros e seis iraquianos morreram em um ataque com carro-bomba. Um site extremista islâmico divulgou ontem um comunicado supostamente assinado por Abu Musab Zarqawi, no qual o terrorista jordaniano reivindica o ataque.
"Essas operações são uma mensagem clara aos americanos de que seu caminho nos países muçulmanos não será tão fácil quanto eles imaginam", diz. A autenticidade não pôde ser comprovada.
Numa aparente tentativa de amenizar as tensões no sul do país, onde age a milícia do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, o futuro presidente do Iraque, Ghazi Yawer, afirmou que o líder religioso poderia ocupar um lugar na política do país se depusesse as armas. "Ele tem simpatizantes e representa pessoas", disse Yawer.
Em Washington, ao ser indagado sobre o assunto, o presidente George W. Bush afirmou que cabe ao governo iraquiano decidir. "Eles devem lidar com Al Sadr como acharem melhor", afirmou.


Com agências internacionais

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