São Paulo, sábado, 16 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Potências isolam o Hamas e apóiam governo de Abbas

EUA prometem ajuda à Cisjordânia, e Israel volta a repassar parte de impostos

"Quarteto" sobre Oriente Médio -EUA, ONU, Rússia e União Européia- programa viabilização dos palestinos moderados na Cisjordânia

Hatem Moussa/Associated Press
Militantes do Hamas tomam mesa e cadeira de Abbas em Gaza


DA REDAÇÃO

A comunidade internacional movimentou-se ontem para reforçar a autoridade do presidente palestino, Mahmoud Abbas, e procurou, paralelamente, isolar o grupo islâmico Hamas, que na quinta-feira, após combates de cinco dias -116 mortos e 550 feridos-, assumiu o controle da faixa de Gaza.
Abbas, que havia dissolvido anteontem o governo de coalizão entre o Hamas e seu partido, o secular Fatah, nomeou como primeiro-ministro Salam Fayyad, personalidade independente, ex-economista do Banco Mundial e que ocupava o Ministério das Finanças no gabinete anterior.
O premiê afastado Ismail Haniyeh recusou a dissolução do gabinete. Mas divulgou um comunicado em que exorta o Hamas a cessar as hostilidades contra a facção palestina rival.
O chamado "Quarteto" para o Oriente Médio -Estados Unidos, Rússia, Nações Unidas e União Européia- discutiu a situação em videoconferência, ontem pela manhã, e, segundo o comissário europeu para questões diplomáticas, Javier Solana, "enviou uma clara mensagem de apoio a Abbas", além de lamentar os problemas humanitários gerados pelos combates em Gaza.
A Rússia, por meio de seu chanceler, Serguei Lavrov, apelou pela volta à calma e exortou os mediadores internacionais a evitarem uma guerra civil. O Egito, que tentava praticar essa mediação, retirou seus diplomatas de Gaza, em protesto contra a tomada do poder pelo grupo islâmico.
Os EUA e a UE apoiaram a decisão de Abbas de declarar o estado de emergência. O presidente russo, Vladimir Putin, telefonou ao presidente israelense, Shimon Peres, para discutir a situação regional.
A Síria, aliada regional do Hamas, não se pronunciou. Outro aliado do grupo, o Irã, manteve-se eqüidistante. O ex-presidente reformista iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani afirmou que "infelizmente os palestinos decidiram combater uns aos outros e esqueceram que seu verdadeiro inimigo é Israel".
O governo britânico disse estar aberto à discussão para a instalação de forças internacionais na fronteira de Gaza com o Egito, conforme proposta do premiê israelense, Ehud Olmert, para impedir o ingresso de armas que reforçariam o poder de fogo do Hamas.
Olmert discutirá a questão com o presidente George W. Bush, em Washington, na terça-feira. A ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni, voltou ontem a defender esse plano, cuja viabilidade não é nem um pouco consensual.

Volta dos dólares
Outro tema na agenda de Bush com Olmert, diz o "Financial Times", é o desbloqueio dos US$ 300 milhões a US$ 400 milhões da parcela de impostos que Israel arrecada em nome dos palestinos. Há 18 meses o Tesouro israelense não transfere esse dinheiro, justamente porque o gabinete local era controlado pelo Hamas.
Olmert, em telefonema ao ditador egípcio, Hosni Mubarak, disse que tomaria medidas para ajudar Abbas.
A Associated Press diz, a respeito, que assessores de Abbas foram ontem informados que os Estados Unidos desbloqueariam fundos para programas de infra-estrutura na Cisjordânia. A União Européia também disse que faria o mesmo.
Ou seja, Mahmoud Abbas e a Cisjordânia, aonde sua autoridade está agora limitada, seriam recompensados como contrapeso ao Hamas. Lideranças cisjordanas ontem entrevistadas pela Associated Press dizem que isso lhes é vantajoso.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Entrevista: É um alívio pôr um ponto final, diz filho
Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.