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Ex-aliada faz greve de fome contra Ortega
Comandante da Revolução Sandinista lidera movimento contra proscrição de partidos opositores na Nicarágua
DA REDAÇÃO
Dora María Téllez, uma dos
comandantes da Revolução
Sandinista de 1979 na Nicarágua, está em greve de fome há
13 dias. Ela protesta contra decisão do Conselho Supremo
Eleitoral de cancelar o registro
do MRS (Movimento de Renovação Sandinista), dissidência
da FSLN (Frente Sandinista de
Libertação Nacional), o partido
do presidente Daniel Ortega.
Téllez, 52, e outros dirigentes
do MRS -criado em 1995 como
resposta aos casos de corrupção e desmando administrativo
que envolveram os últimos
anos da primeira Presidência
de Ortega (1979-1990)- acusam o governo de pretender
acabar com a oposição no país
centro-americano.
Além do MRS, outros três
partidos oposicionistas estão
ameaçados de cassação, sob o
argumento de que eles não
cumpriram requisitos da lei
eleitoral. O país terá eleições
municipais em novembro.
O Conselho Eleitoral é formado por quatro juízes ligados
à FSLN e quatro ligados ao PLC
(Partido Liberal Constitucionalista), de direita.
Esquerda com direita
Numa estratégia traçada por
Ortega, reconduzido à Presidência nas eleições de 2006, a
FSLN e o PLC, do ex-presidente Arnoldo Alemán (1997-2002), mantêm desde 1999
uma série de acordos que permitiram às duas forças, supostamente antípodas ideológicos,
deter maioria na Assembléia
Nacional, reformar a Constituição e dividir os cargos do aparelho estatal.
No dia 6 de junho, três dos
nove comandantes da chamada
"direção histórica" da FSLN,
hoje na dissidência, lançaram
um manifesto em que conclamam Ortega a convocar um
diálogo sobre políticas contra a
fome, o desemprego e o fortalecimento da democracia.
O mesmo MRS apresentou
no dia 10 à Procuradoria uma
denúncia contra o governo por
suposto desvio dos fundos que
o Estado economiza com a
compra de petróleo da Venezuela a preços preferenciais.
Em sua greve de fome, Dora
Téllez já foi visitada pela ex-presidente conservadora Violeta Chamorro (1990-1997) e pelo poeta e padre católico Ernesto Cardenal, que integrou o primeiro governo após a tomada
do poder pelos sandinistas
-que no final dos 70 derrubaram a ditadura de Anastasio Somoza, de uma dinastia que comandou o país por 43 anos.
O movimento contra o que a
oposição denuncia como o
crescente autoritarismo de Ortega levou no fim de semana
um dos principais compositores do país, Carlos Mejía Godoy, a proibir que o presidente
continue usando suas canções
em atos do governo, incluindo o
hino que ele compôs para a
Frente Sandinista.
Com agências internacionais
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