São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Ex-aliada faz greve de fome contra Ortega

Comandante da Revolução Sandinista lidera movimento contra proscrição de partidos opositores na Nicarágua

DA REDAÇÃO

Dora María Téllez, uma dos comandantes da Revolução Sandinista de 1979 na Nicarágua, está em greve de fome há 13 dias. Ela protesta contra decisão do Conselho Supremo Eleitoral de cancelar o registro do MRS (Movimento de Renovação Sandinista), dissidência da FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional), o partido do presidente Daniel Ortega.
Téllez, 52, e outros dirigentes do MRS -criado em 1995 como resposta aos casos de corrupção e desmando administrativo que envolveram os últimos anos da primeira Presidência de Ortega (1979-1990)- acusam o governo de pretender acabar com a oposição no país centro-americano.
Além do MRS, outros três partidos oposicionistas estão ameaçados de cassação, sob o argumento de que eles não cumpriram requisitos da lei eleitoral. O país terá eleições municipais em novembro.
O Conselho Eleitoral é formado por quatro juízes ligados à FSLN e quatro ligados ao PLC (Partido Liberal Constitucionalista), de direita.

Esquerda com direita
Numa estratégia traçada por Ortega, reconduzido à Presidência nas eleições de 2006, a FSLN e o PLC, do ex-presidente Arnoldo Alemán (1997-2002), mantêm desde 1999 uma série de acordos que permitiram às duas forças, supostamente antípodas ideológicos, deter maioria na Assembléia Nacional, reformar a Constituição e dividir os cargos do aparelho estatal.
No dia 6 de junho, três dos nove comandantes da chamada "direção histórica" da FSLN, hoje na dissidência, lançaram um manifesto em que conclamam Ortega a convocar um diálogo sobre políticas contra a fome, o desemprego e o fortalecimento da democracia.
O mesmo MRS apresentou no dia 10 à Procuradoria uma denúncia contra o governo por suposto desvio dos fundos que o Estado economiza com a compra de petróleo da Venezuela a preços preferenciais.
Em sua greve de fome, Dora Téllez já foi visitada pela ex-presidente conservadora Violeta Chamorro (1990-1997) e pelo poeta e padre católico Ernesto Cardenal, que integrou o primeiro governo após a tomada do poder pelos sandinistas -que no final dos 70 derrubaram a ditadura de Anastasio Somoza, de uma dinastia que comandou o país por 43 anos.
O movimento contra o que a oposição denuncia como o crescente autoritarismo de Ortega levou no fim de semana um dos principais compositores do país, Carlos Mejía Godoy, a proibir que o presidente continue usando suas canções em atos do governo, incluindo o hino que ele compôs para a Frente Sandinista.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Venezuela: Alí Rodríguez será novo ministro das finanças
Próximo Texto: Foco: Casamentos gays geram inquérito britânico, prisão paraguaia e festa nos EUA
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.