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Londres se desculpa por Domingo Sangrento
Pedido de perdão vem com fim de inquérito sobre massacre em 1972
Investigação, que teve custo total de R$ 532 mi, diz que os 14 mortos no episódio na Irlanda do Norte não tinham armas
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O premiê britânico, David
Cameron, pediu desculpas
ontem pelo episódio conhecido como Domingo Sangrento, no qual soldados britânicos mataram 14 pessoas
na Irlanda do Norte em 1972.
O premiê apresentou ao
Parlamento o resultado de
um inquérito, realizado por
12 anos, que concluiu que as
mortes foram "injustificadas
e injustificáveis".
"O que aconteceu não deveria nunca, nunca ter acontecido. Alguns membros de
nossas Forças Armadas agiram de forma errada", disse
Cameron. "Em nome do governo, e certamente de nosso
país, eu sinto muitíssimo."
Mais de mil pessoas, reunidas na praça Guildhall, em
Londonderry, palco do massacre, aplaudiram e choraram com o anúncio da conclusão do inquérito, transmitido ao vivo, em um telão.
Elas passaram os últimos
38 anos fazendo campanha
pelas vítimas, acusadas de
serem do IRA (Exército Republicano Irlandês).
"Eles esperavam que a verdade fosse dita, particularmente os familiares dos inocentes", disse à Folha Christine Bell, professora da Universidade do Ulster que
acompanhou a divulgação
da investigação no local.
"Acredito que o inquérito
mudou a cabeça das pessoas
sobre o que elas pensavam
ter ocorrido naquele dia."
MORTES
Em 30 de janeiro de 1972,
tropas britânicas abriram fogo contra uma marcha não
autorizada em Bogside, uma
região nacionalista (que prega a independência da Irlanda do Norte em relação a
Londres) de Londonderry.
Foram mortas 14 pessoas,
e 13 ficaram feridas. Todas estavam desarmadas -à época, soldados afirmaram o
contrário. "Nenhuma das vítimas representava ameaça
de causar mortes ou ferimentos graves ou estava fazendo
algo que poderia, de qualquer forma, justificar os tiros", concluiu o inquérito.
O Domingo Sangrento levou centenas de novos voluntários ao IRA, que intensificou sua campanha de atentados e tiroteios.
O inquérito foi autorizado
pelo ex-premiê Tony Blair
(1997-2007) em 1998 como
parte das negociações do
Acordo da Sexta-Feira Santa,
que naquele ano pôs fim a 30
anos de confrontos que deixaram cerca de 3.500 mortos.
Foram ouvidas 920 testemunhas entre 1998 e 2004.
Outras 2.500 pessoas enviaram declarações à comissão.
Com um custo final de
quase 200 milhões de libras
(R$ 532,2 milhões), foi o mais
longo e mais caro inquérito
da história legal britânica.
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