São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Obama tenta conter danos políticos pós-vazamento

Presidente faz discurso para mostrar ter estratégias para reverter desastre

Pesquisa indica que 52% dos americanos desaprovam reação da Casa Branca a acidente com plataforma da BP


Jim Young/Reuters
O presidente Barack Obama cumprimenta militares em base naval situada em área atingida por vazamento, na Flórida

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Com tons cada vez mais políticos, o vazamento de petróleo no golfo do México levou o presidente Barack Obama a fazer na noite de ontem seu primeiro discurso ao país do Salão Oval, no qual renovou apelos por uma reforma energética ampla.
A escolha do local, reservado para os pronunciamentos mais importantes de um presidente, foi cuidadosa.
No foco das manchetes, o pior desastre ambiental da história do país -e a resposta federal a ele- vem definindo a narrativa recente do governo Obama.
A intenção ontem era a de virar a página: Obama afirmou que, em dias ou semanas, a empresa responsável pelo vazamento, BP (British Petroleum) deverá já será capaz de capturar 90% do petróleo lançado continuamente no golfo.
"Os milhões de galões de petróleo que já vazaram são como uma epidemia (...), mas não se enganem: vamos trabalhar para conter os danos com todas as armas pelo tempo que for necessário."
Obama disse ter encomendado um plano de longo prazo para a recuperação do golfo. Também destacou a pressão contra a BP, que chamou de "descuidada": "Faremos a BP pagar".
Ele terá encontro com executivos da petroleira hoje. O presidente disse que os forçará a criar um fundo, controlado por terceiros, para pagar compensações aos afetados.
Obama assinou ontem uma emenda que autoriza a Guarda Costeira a obter múltiplos fundos de até US$ 100 milhões (até o limite de US$ 1 bilhão) para usar na resposta ao vazamento.

REFORMA
A explosão da plataforma da BP no golfo do México, em abril, ocorreu pouco após Obama ter anunciado que liberaria exploração de petróleo em áreas antes protegidas. Apesar de ter decretado rapidamente uma moratória, o timing não ajudou.
A Casa Branca tenta agora transformar o acidente numa oportunidade para pressionar por mudanças que reduzam a dependência dos EUA em combustíveis fósseis.
Pouco antes do discurso, o governo divulgou nova estimativa para o vazamento, de até 60 mil barris de petróleo por dia, o dobro do estimado anteriormente.
"Não importa o quanto melhoramos nossas regras para a indústria, explorar petróleo hoje inclui riscos crescentes", afirmou Obama.
"A tragédia que se desenrola em nossa costa é o mais doloroso alerta de que a hora de abraçar um futuro de energia limpa é agora."

IMAGEM
Enquanto tentava defender sua atuação, Obama concluiu o seu discurso de ontem em tons religiosos, afirmando rezar "por coragem, pelas pessoas do golfo e para que uma mão nos guie através da tempestade".
Ele precisa de toda ajuda que puder. Pesquisa Associated Press-GfK divulgada ontem afirma que 52% dos americanos desaprovam a atuação de Obama no caso. A taxa é similar à obtida pelo ex-presidente George W. Bush (2001-2009) dois meses após o furacão Katrina arrasar Nova Orleans (53%).


Texto Anterior: Londres se desculpa por Domingo Sangrento
Próximo Texto: Foco: Americano que caçava Bin Laden é preso no Paquistão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.