São Paulo, domingo, 16 de julho de 2006

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Ataque de Israel mata 27 civis no Líbano

Míssil atinge van com 16 passageiros, entre eles 8 crianças; número oficial de civis mortos em quatro dias de ofensiva chega a 93

Milhares de pessoas fogem das bombas em Beirute, no sul do Líbano e no norte de Israel; centro da capital é bombardeado pela 1ª vez

Hussein Malla/ Associated Press
Libanesa coleta pedaços de vidro de janela destruída em sua casa em Naameh, no sul do país


MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE TEL AVIV


Pelo menos 27 civis libaneses morreram ontem, no quarto dia de combates entre Israel e o grupo terrorista Hizbollah, que prometeu "guerra total" depois que seu quartel-general foi destruído em Beirute. O número oficial de civis mortos no Líbano é de pelo menos 93. Quatro civis israelenses morreram em disparos de mísseis do Hizbollah contra o norte do país, que ontem chegaram ao ponto mais distante da fronteira -35 km.
Um ataque aéreo de Israel atingiu uma van perto da cidade portuária de Tiro, no sul do Líbano, e matou todos os 16 passageiros, entre eles oito crianças.
Segundo a polícia, eles estavam fugindo da aldeia de Marwaheen após receberem advertências de Israel.
Pela primeira vez em quatro dias de ofensiva, Israel atacou o centro da capital. O bombardeio partiu de navios de guerra posicionados na costa de Beirute. Caças de Israel continuaram bombardeando o bairro xiita ao sul de Beirute onde funciona o comando do Hizbollah. Também foram atacadas estradas, pontes, postos de gasolina e depósitos de combustível em todo o Líbano e perto da fronteira com a Síria. Doze pessoas morreram e 32 ficaram feridas nessas operações, segundo fontes de segurança do Líbano.
Ontem, o premiê libanês, Fouad Siniora, pediu um cessar-fogo imediato, apoiado pela ONU, afirmando que Israel transformou o país em "uma zona de desastre."
Israel afirma que não tem intenção de atingir civis e que avisa antes de atacar bases do Hizbollah. Os militares afirmam ainda que os terroristas escondem-se entre civis.
Ontem, aviões de ataque do país lançaram panfletos sobre o bairro xiita de Beirute com caricaturas do líder do grupo, Hassan Nasrallah, usando um turbante em forma de serpente. "Ao povo libanês, fique atento: Ele parece ser um irmão, mas é uma cobra", diz o texto.

Fuga
Milhares de pessoas estão fugindo das bombas em Beirute, no sul do Líbano e no norte de Israel. O governo da França organizou um serviço de balsa para tirar seus cidadãos do Líbano a partir de hoje. A balsa vai seguir em direção ao Chipre, de onde partirão vôos para Paris.
O número de combatentes do Hizbollah mortos até agora não é conhecido. Oito soldados israelenses morreram no incidente que deflagrou a crise. O país confirmou que quatro marinheiros desapareceram na costa de Beirute, quando o navio de guerra que fazia o bloqueio marítimo ao país foi atingido na noite de sexta-feira.
De acordo com a inteligência do Exército de Israel, o navio foi atingido por um míssil iraniano C-802, disparado da costa com a ajuda de membros da Guarda Revolucionária do Irã, unidade de elite do país. Um navio civil egípcio também teria sido atingido.
Ontem, a cidade de Tiberíades, às margens do mar da Galiléia e a 35 km da fronteira com o Líbano, foi atingida pela primeira vez por seis foguetes. Um deles atingiu um apartamento vazio. Nove cidades de Israel foram atingidas ontem. O Exército israelense posicionou três baterias de mísseis Patriot em Haifa, pólo petroquímico e terceira maior cidade do país.
Israel iniciou a ofensiva na quarta-feira, depois que o Hizbollah matou oito soldados e seqüestrou dois.


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