São Paulo, domingo, 16 de julho de 2006

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Hizbollah pode atingir Tel Aviv, diz Israel

Exército afirma que cerca de cem membros da Guarda Revolucionária do Irã estão no Líbano para ajudar o grupo islâmico

Extremistas têm foguetes capazes de acertar também Jerusalém, segundo fontes da inteligência; líder deve ser "liqüidado", diz ministro ´

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE TEL AVIV

Um oficial da inteligência israelense disse ontem que os militares acreditam na presença de cerca de cem soldados da Guarda Revolucionária iraniana em solo libanês, apoiando o Hizbollah. "O Irã já está envolvido neste conflito", disse, ressaltando que o grupo terrorista tem capacidade de acertar Tel Aviv com mísseis e de usar outras táticas contra Israel.
Os soldados iranianos teriam ajudado no disparo do míssil C-802, de fabricação iraniana, que atingiu uma corveta israelense na costa de Beirute, na sexta. Após o ataque, que foi anunciado na TV pelo líder do Hizbollah, Hassan Nasrallah, surgiram rumores de que o grupo usara uma aeronave não tripulada no ataque.
O Irã, contudo, negou envolvimento no ataque ao barco. "Essas acusações das autoridades israelenses carecem de fundamento e tentam encobrir a impotência desse regime diante da resistência do povo libanês", afirmou um comunicado do governo iraniano.
O oficial israelense, que pediu anonimato, disse que o Hizbollah tem capacidade de carregar com explosivos aeronaves não tripuladas e direcioná-las contra cidades de Israel. A mesma fonte afirmou que essas armas são difíceis de ser captadas por radares e interceptadas, mas têm pouca precisão.
Na avaliação do oficial, o Hizbollah pode usar armas mais poderosas, como "dezenas" de mísseis de médio (até 40 km) e longo (200 km) alcance, o que coloca Jerusalém, Tel Aviv e toda a região central do país na mira dos ataques. Esses mísseis seriam dos modelos Fajer, Zelzal e Naziat, todos de fabricação iraniana, ainda de acordo com o oficial de inteligência.
O Hizbollah afirma ter 10 mil mísseis, a maioria do modelo katyusha. Para o oficial, o grupo ainda não usou mísseis de maior alcance por "medo da retaliação" ou por "confusão" na cadeia de comando.
Entre outras táticas que a inteligência israelense espera confrontar estão atentados suicidas patrocinados pelo Hizbollah a partir de territórios palestinos e mais seqüestros de soldados. O oficial afirma que o Hizbollah foi pego de surpresa pela força da reação israelense ao seqüestro de dois soldados.
A inteligência israelense acredita que Nasrallah esteja escondido em abrigos subterrâneos em Beirute.
Mesmo com o alto número de civis libaneses vítimas dos bombardeios, o israelense afirma que a ofensiva vai continuar e aposta na perda de legitimidade do Hizbollah dentro do Líbano. "O grupo deixa de ser visto como o defensor, e passa a ser considerado o destruidor do Líbano", disse o oficial.
Ontem, em entrevista a uma rádio, o ministro da Imigração de Israel, Zeev Boin, disse que Nasrallah é alvo da aviação. "Ele não pode ter imunidade. Na primeira oportunidade nós o liqüidaremos", disse.

Gaza
Na outra frente do conflito, Israel matou duas pessoas e voltou a bombardear o Ministério da Economia palestino, em Gaza. Um ataque aéreo matou um militante do Hamas, grupo terrorista que está no governo palestino, em sua casa. Duas crianças foram feridas. Horas antes, o Exército matara a tiros outro militante que teria jogado granadas em soldados.
A ofensiva israelense na faixa de Gaza teve início após militantes invadirem o território israelense, matarem dois soldados e seqüestrarem um terceiro, o cabo Gilad Shalit.
Pelo menos 85 pessoas já foram mortas nos ataques israelenses às bases do Hamas em Gaza e dezenas de políticos estão presos, entre eles oito ministros. (MICHEL GAWENDO)


Com agências internacionais


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