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[+]Entrevista
Para "mulher padre", é injusto papel feminino
DE NOVA YORK
Fruto do feminismo, um
dos movimentos católicos
mais fortes nos EUA é o que
pede a ordenação de mulheres como padres. Leia abaixo
trechos da entrevista concedida à Folha pela padre Jane
Via, 60, da Califórnia.
(DG)
FOLHA - Quando e por que surgiu a vontade de ser padre?
JANE VIA - Sempre fui católica, mas estava a cada dia
mais desiludida com o papel
das mulheres na igreja.
Quando ouvi falar sobre o
movimento pela ordenação,
em 2002, fiquei muito empolgada. Entrei em contato
com os líderes e tive certeza
de que poderia fazer isso, já
que tenho boa qualificação.
Sou professora de literatura
e língua espanhola, PhD em
educação religiosa e procuradora em San Diego. Tornei-me padre em junho de
2006, ordenada por uma bispa, que por sua vez foi ordenada em segredo por um bispo simpático à causa.
FOLHA - A sra. realiza todas as
celebrações, até a consagração?
VIA - Tenho uma pequena
paróquia, de 125 pessoas, e
estamos rapidamente nos
tornando uma paróquia com
todos os serviços. Nossa missa é tradicional. A única diferença é que, ao nos referirmos a Deus, dizemos "ele ou
ela", para ser mais inclusivo.
FOLHA - Como a receberam?
VIA - Sonhava criar uma paróquia para os católicos que
deixaram de ir à igreja por
não concordarem com algumas coisas e não serem compreendidos. Divorciados,
gays e progressistas, sem lugar em uma paróquia convencional. Em 2005, com um
amigo padre, aluguei um espaço e mandei convites a 70
conhecidos. Achamos que
talvez dez ou 20 pessoas apareceriam, mas eis que tivemos perto de cem.
FOLHA - A sra. teme ser excomungada?
VIA - Estou "interditada",
ou seja, ainda faço parte da
igreja, porém não posso receber os sacramentos. Como
advogada, entendo que quebrei uma lei. Mas eu o fiz para mostrar quão injusta ela é.
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