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Condenada à morte, iraniana Sakineh preocupa Brasil
Chanceler Celso Amorim liga para colega de Teerã e pede cancelamento da pena
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Apesar de negar publicamente, o Brasil nunca deixou
de participar ativamente das
tentativas de diálogo entre o
Irã e o mundo ocidental para
restabelecer a normalidade
das relações entre eles.
Ontem, o chanceler Celso
Amorim telefonou para o ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr
Mottaki, para manifestar
preocupação com os efeitos
do "caso Sakineh" nas negociações e pedir que a pena de
execução seja cancelada.
A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani foi condenada à morte por apedrejamento sob acusação de adultério, o que irradiou uma forte reação internacional. O
país está sob holofotes por
sua nebulosa política nuclear e também por desrespeito aos direitos humanos e
à liberdade de expressão.
Na conversa, Amorim fez
um "apelo humanitário" para a revisão da pena e alertou
para o efeito político negativo num momento delicado.
Os ministros também conversaram sobre o andamento
das negociações entre o Irã e
os membros permanentes do
Conselho de Segurança da
ONU. O presidente do Irã,
Mahmoud Ahmadinejad,
aceita negociar, mas impôs
um prazo: depois do Ramadã, em setembro.
Teerã pede a integração de
Brasília e de Ancara às negociações. Ontem, Mottaki afirmou que eles devem atuar
como fiadores das conversas
com o Grupo de Viena (EUA,
França e Rússia) sobre o fornecimento de combustível
para o reator nuclear do Irã.
Brasil e Turquia assinaram
em maio um acordo com o Irã
-rejeitado pelas potências-
que prevê a troca de urânio
do país por combustível para
uso médico em seu reator de
Teerã. "Turquia e Brasil ainda adotam a mesma postura
e são bem-vindos às negociações", disse Mottaki.
Disse que o papel dos dois
países será "garantir que as
negociações sejam conduzidas de modo apropriado".
Mas a posição oficial brasileira é de que não vai se insinuar nem tentar se impor
mais uma vez. Como tem repetido Amorim, o país só volta à mesa de conversações se
for chamado "pelos dois lados" -iranianos e ONU.
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