São Paulo, sábado, 16 de julho de 2011

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Republicanos fazem ameaça em resposta a ultimato de Obama

Oposição diz que levará corte de gasto unilateral a voto na Câmara dos EUA, onde tem maioria, na terça-feira

Impasse inviabiliza a ampliação do limite do endividamento do país, o que pode gerar calote pelo governo em agosto

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Com o prazo para um acordo sobre o aumento do teto da dívida dos EUA aproximando-se do fim, o presidente Barack Obama exortou ontem os republicanos a "evitarem o Armageddon".
Mas os legisladores da oposição mantiveram-se inflexíveis, anunciando que, na semana que vem, votarão na Câmara (onde têm maioria) projeto que prevê corte de US$ 2,4 trilhões em dez anos no deficit americano, sem aumento de impostos.
O prazo para elevar o teto do endividamento do país, hoje em US$ 14,3 trilhões, é 2 de agosto. Caso não haja acordo entre democratas e republicanos até lá, os EUA terão de dar calote em algumas de suas obrigações.
Se isso acontecer, "as taxas de juros podem acabar subindo para todos no país, como se fosse um aumento de impostos, para quem quer financiar um carro, ou tomar um empréstimo para pagar a faculdade", advertiu Obama.
Na quinta-feira, a agência de classificação Standard and Poor's juntou-se à Moody's e advertiu que pode reduzir a nota de crédito do país , hoje AAA, caso não haja acordo sobre a dívida e o deficit.
Alguns fundos de pensão só podem investir seus recursos em papéis com a classificação de crédito AAA, considerada a mais segura.
Portanto, se os EUA perderem sua nota máxima, esses fundos não mais poderiam investir nos papéis da dívida soberana americana.
Nesse caso, outros países que ainda mantêm a classificação AAA -como Noruega, Cingapura, Suécia, Suíça, Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Canadá e Luxemburgo- podem ganhar parte desses investimentos.
Para aprovar o aumento do teto da dívida, os republicanos exigem trilhões em cortes de gastos do governo para reduzir o deficit público, hoje em 10% do PIB. Por outro lado, eles se recusam a aceitar aumento de impostos para reduzir o deficit.
Já os democratas dizem que não é justo cortar gastos públicos atingindo programas sociais, enquanto os republicanos não aceitam aumento de receita do governo.
"Nós não vamos aceitar um corte de impostos para os ricos às custas dos americanos que precisam dos programas sociais", disse Nancy Pelosi, líder democrata na Câmara.
Democratas argumentam que, nos EUA, a carga tributária é relativamente baixa. Lá, a arrecadação do governo federal é de 14,5%. No Brasil, a receita do governo federal é de 24%.
A proposta republicana a ser votada na Câmara prevê também mudança constitucional para exigir Orçamento equilibrado e limite de gastos do governo.

PLANO B
É impensável que a proposta passe pelo Senado, onde os democratas ainda têm o comando. Vem ganhando força um chamado "plano B", do senador republicano Mitch McConnell e do líder Democrata, Harry Reid, que permitiria ao presidente elevar a dívida de forma unilateral, sem o aval do Congresso.
Ela permitiria que o teto da dívida fosse elevado em três etapas em 2012 e não incluiria o aumento de impostos. Mas, além de não haver certeza sobre o apoio dos dois partidos à proposta, ela não representaria a solução definitiva apregoada por Obama.


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