São Paulo, sábado, 16 de julho de 2011

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Brasil aumenta compra de títulos dos EUA

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

A ameaça de rebaixamento na classificação da dívida dos Estados Unidos, ou até mesmo de calote, acontece em um momento em que o Brasil aumentou seus investimentos em títulos norte-americanos.
Dados do Tesouro dos EUA e do Banco Central brasileiro mostram que esse é um dos principais destinos das reservas internacionais do Brasil, um seguro contra crises.
Entre os oito maiores credores -aqueles com mais de US$ 100 bilhões investidos-, o Brasil foi o segundo que mais aumentou suas aplicações nos quatro primeiros meses de 2011 (11%).
O percentual está acima do crescimento total da dívida americana no período, o que significa que o Brasil elevou sua participação como credor do país.
Esse crescimento não está relacionado, no entanto, a um interesse maior pelos papéis que, por enquanto, são considerados o investimento mais seguro do mundo.
O aumento se deve ao fato de o Brasil ter recebido volume recorde de dólares no início do ano, que acabaram engordando as reservas. Com isso, comprou mais títulos apenas para manter o percentual de aplicação.
O investimento brasileiro em títulos norte-americanos é de US$ 207 bilhões, o que representa 63% das reservas internacionais.
Esse percentual foi maior antes da crise de 2008/2009 e se mantém praticamente constante.
China (US$ 1,1 trilhão), Japão (US$ 907 bilhões) e Reino Unido (US$ 333 bilhões) possuem aplicações maiores.
No primeiro quadrimestre, entre os grandes credores, apenas o Reino Unido teve aumento superior à posição brasileira. A China reduziu as aplicações, depois do grande volume de compras em 2010.
A China manifestou nesta semana preocupação com um possível calote ou piora na avaliação da dívida americana. O governo brasileiro acompanha a questão, mas não se pronunciou.
Fabio Kanczuk, da Faculdade de Economia e Administração da USP, diz que o risco de Barack Obama não conseguir ampliar o teto da dívida e promover um calote é praticamente nulo.
"Se não deixarem esse limite aumentar, o resultado será uma quebradeira geral, mais grave que a crise de 2008, independentemente de quanto o país tem aplicado nesses títulos", afirmou.


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