São Paulo, sábado, 16 de julho de 2011

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Jerusalém abriga ato pró Estado da Palestina

Passeata reuniu ontem cerca de 2.000; organizada por árabes, teve a adesão de judeus

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Bandeiras palestinas tremularam ontem diante das antigas muralhas de Jerusalém, uma cena rara que reuniu judeus e árabes em uma manifestação pela paz no centro da disputada cidade.
A "Marcha de Jerusalém", que reuniu cerca de 2.000 pessoas, foi organizada por líderes comunitários palestinos e ativistas de esquerda israelenses em apoio à criação do Estado palestino.
Atos contra a ocupação israelense ocorrem semanalmente em Jerusalém e na Cisjordânia, mas o evento foi mais numeroso e simbólico.
Em sua maioria israelenses, os manifestantes saíram do portão de Jaffa, um dos principais da cidade velha, e percorreram a linha que dividia Jerusalém antes de a cidade ser unificada pela ocupação israelense, em 1967.
Os jovens israelenses e palestinos puxavam a cantoria e os slogans contra a ocupação em hebraico e árabe.
A manifestação ocorreu em meio à contagem regressiva para o mês de setembro, quando os palestinos pretendem pedir que a ONU aceite a Palestina como membro.
Embora o plano palestino tenha efeito prático vago e encontre obstáculos, Israel o encara como uma ameaça e deflagrou uma ampla operação diplomática e de relações públicas para esvaziá-lo.
O linha-dura Avigdor Liberman, ministro das Relações Exteriores de Israel, chegou a dizer que o processo de paz estará morto se os palestinos forem mesmo à ONU.
O maior obstáculo para os palestinos é o veto americano no Conselho de Segurança da ONU, que a Casa Branca já antecipou. A justificativa dos EUA é que o conflito deve ser resolvido por meio de negociações, não com gestos "unilaterais".
Nesta semana, o principal negociador palestino, Saeb Erekat, disse à imprensa em Ramallah que o governo americano deve mudar de posição e retirar o veto.
Segundo ele, o roteiro será assim: o pedido para ser aceito como membro pleno é encaminhado ao conselho, que recomenda ou não a aprovação à Assembleia Geral.
A decisão precisa ser aprovada por ao menos nove dos 15 membros e não ser barrada por nenhum dos membros permanentes, com direito a veto: EUA, China, Reino Unido, França e Rússia.
Na Assembleia Geral, a Palestina precisará de dois terços dos votos para virar membro da ONU.
O Brasil, que ocupa cadeira rotativa do Conselho de Segurança, é tido como aliado pelos palestinos. Com a ajuda do governo Lula, os palestinos conseguiram em 2010 o reconhecimento da América do Sul à criação do Estado. A exceção foi a Colômbia.
Caso haja o veto no conselho, os palestinos recorrerão à Assembleia Geral para que ela eleve seu status de observador para membro não estatal, como é o do Vaticano.


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