São Paulo, quinta, 16 de julho de 1998

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COLÔMBIA
Segundo maior grupo guerrilheiro do país compromete-se a não sequestrar crianças, idosos e grávidas
Guerrilha assina acordo de paz parcial

das agências internacionais

O Exército de Libertação Nacional (ELN), segundo maior grupo guerrilheiro da Colômbia, firmou ontem, na Alemanha, um acordo de paz parcial no qual se comprometeu, entre outros pontos, a não mais sequestrar crianças, mulheres grávidas e idosos e a pôr fim aos atentados contra oleodutos.
"Os representantes das partes conseguiram atingir um acordo sobre pontos importantes, que deve pavimentar o caminho para a paz", disse Hans Langendörfer, secretário-geral da Conferência dos Bispos Alemães, entidade que patrocinou as negociações.
Os diálogos, entre membros do ELN e sindicatos, empresários e líderes religiosos da Colômbia, começaram no domingo em Würzburg, região central da Alemanha.
Segundo Langendörfer, a guerrilha, em atividade desde a década de 60, concordou também em não usar minas antipessoais nas zonas de conflito e tomar medidas concretas para garantir a proteção dos direitos humanos, incluindo proteger escolas, hospitais e locais de suprimento de água. A guerrilha, ainda, se comprometeu a pôr fim a todos os sequestros caso tenha outras fontes de renda.
O ELN afirma também, no documento denominado Acordo Portas do Céu, que participará de negociações de paz mais amplas na Colômbia.
O ministro da Defesa colombiano, Gilberto Echeverri, disse que o acordo firmado ontem representa um "avanço maior que o esperado". O país latino-americano, palco de conflitos constantes entre guerrilheiros, Exército e paramilitares de direita, tem 40% de seu território sob domínio das forças subversivas. No ano passado, as guerrilhas realizaram 1.537 ataques contra alvos diversos.
O acordo firmado ontem é mais um passo na consolidação de um processo de paz que vem dando mostras de ser viável depois da vitória do oposicionista Andrés Pastrana (conservador) nas eleições presidenciais do mês passado. Pastrana assume no dia 7. O atual líder do país, Ernesto Samper, teve sua legitimidade abalada ao escapar, em 1996, de um impeachment deflagrado por acusações de cooperação com o narcotráfico.
Pastrana, que está em Paris participando das comemorações do 14 de Julho, se reuniu na semana passada, em movimento inédito, com o líder da maior guerrilha do país, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Segundo Pablo Beltrán, um dos líderes do ELN que participaram das negociações na Alemanha, Pastrana tentou sem sucesso integrar-se aos diálogos de Würzburg.
Os avanços em direção a um cessar-fogo não se limitam às guerrilhas. Ontem, grupos paramilitares de direita anunciaram estar dispostos a iniciar diálogo de paz com o governo de Pastrana.



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