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COLÔMBIA
Segundo maior grupo guerrilheiro do país compromete-se a não sequestrar crianças, idosos e grávidas
Guerrilha assina acordo de paz parcial
das agências internacionais
O Exército de Libertação Nacional (ELN), segundo maior grupo
guerrilheiro da Colômbia, firmou
ontem, na Alemanha, um acordo
de paz parcial no qual se comprometeu, entre outros pontos, a não
mais sequestrar crianças, mulheres grávidas e idosos e a pôr fim
aos atentados contra oleodutos.
"Os representantes das partes
conseguiram atingir um acordo
sobre pontos importantes, que deve pavimentar o caminho para a
paz", disse Hans Langendörfer,
secretário-geral da Conferência
dos Bispos Alemães, entidade que
patrocinou as negociações.
Os diálogos, entre membros do
ELN e sindicatos, empresários e líderes religiosos da Colômbia, começaram no domingo em Würzburg, região central da Alemanha.
Segundo Langendörfer, a guerrilha, em atividade desde a década
de 60, concordou também em não
usar minas antipessoais nas zonas
de conflito e tomar medidas concretas para garantir a proteção dos
direitos humanos, incluindo proteger escolas, hospitais e locais de
suprimento de água. A guerrilha,
ainda, se comprometeu a pôr fim a
todos os sequestros caso tenha outras fontes de renda.
O ELN afirma também, no documento denominado Acordo Portas do Céu, que participará de negociações de paz mais amplas na
Colômbia.
O ministro da Defesa colombiano, Gilberto Echeverri, disse que o
acordo firmado ontem representa
um "avanço maior que o esperado". O país latino-americano,
palco de conflitos constantes entre
guerrilheiros, Exército e paramilitares de direita, tem 40% de seu
território sob domínio das forças
subversivas. No ano passado, as
guerrilhas realizaram 1.537 ataques contra alvos diversos.
O acordo firmado ontem é mais
um passo na consolidação de um
processo de paz que vem dando
mostras de ser viável depois da vitória do oposicionista Andrés Pastrana (conservador) nas eleições
presidenciais do mês passado.
Pastrana assume no dia 7. O atual
líder do país, Ernesto Samper, teve
sua legitimidade abalada ao escapar, em 1996, de um impeachment
deflagrado por acusações de cooperação com o narcotráfico.
Pastrana, que está em Paris participando das comemorações do
14 de Julho, se reuniu na semana
passada, em movimento inédito,
com o líder da maior guerrilha do
país, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Segundo Pablo Beltrán, um dos
líderes do ELN que participaram
das negociações na Alemanha,
Pastrana tentou sem sucesso integrar-se aos diálogos de Würzburg.
Os avanços em direção a um cessar-fogo não se limitam às guerrilhas. Ontem, grupos paramilitares
de direita anunciaram estar dispostos a iniciar diálogo de paz
com o governo de Pastrana.
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