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ARGENTINA
Informação sobre seu ex-secretário particular é novo golpe na tentativa do peronista de se candidatar à Presidência
Assessor de Menem tem US$ 6 mi na Suíça
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
A campanha eleitoral do ex-presidente argentino Carlos Menem
(1989-1999) sofreu mais um duro
golpe ontem, quando a Justiça
suíça informou ter identificado
uma conta bancária em que estão
depositados US$ 6 milhões em
nome de seu ex-secretário particular Ramón Hernández.
O ex-secretário terá agora de explicar a origem dos recursos
-que não estão em suas declarações de patrimônio- ao juiz federal Norberto Oyarbide, que
analisa o processo em que o ex-presidente é acusado de "violação
dos deveres de funcionário público, tráfico de influência e omissão
maliciosa" de bens.
Menem, um dos principais pré-candidatos à Presidência pelo
Partido Justicialista (peronista),
será impedido de participar da
eleição presidencial de março caso seja declarado culpado.
A candidatura Menem tem sido
prejudicada nas últimas semanas
por denúncias de corrupção. Outro pré-candidato peronista, o ex-presidente Adolfo Rodríguez Saá
(2001), tem consolidado sua liderança nas pesquisas para se tornar
o candidato do partido.
Segundo um funcionário da
Justiça suíça ouvido pela agência
France Presse, a conta foi registrada no banco de Gotardo, subsidiária do Crédit Suisse, em nome
de uma fundação com sede em
Liechtenstein chamada The Spark
Foundation, que seria propriedade do ex-secretário de Menem.
A conta está bloqueada pela Justiça desde outubro, quando surgiu a suspeita de que estivesse ligada a Menem. No entanto, até
ontem, a Suíça só havia informado que a conta estava em nome de
uma sociedade não-identificada.
Há cerca de três semanas, o ex-presidente havia admitido pela
primeira vez possuir US$ 600 mil
depositados na Suíça desde 1986.
O dinheiro seria proveniente de
uma indenização que teria sido
paga pelo governo por sua prisão
durante o último regime militar
(1976-1983), mas nunca havia sido reconhecido em depoimentos
anteriores à Justiça e à Afip (a Receita Federal local).
Menem também está sendo investigado pelo juiz federal Juan
José Galeano porque teria recebido um suborno de US$ 10 milhões
para encobrir a suposta responsabilidade do Irã no atentado à sede
da comunidade judaica em Buenos Aires, ocorrido em 1994 e que
deixou 85 mortos.
Galeano pretende interrogar
nas próximas semanas o autor da
acusação, um ex-agente da inteligência iraniana identificado como Abdolghassem Mesbahi.
Em outro processo, Menem pode ser obrigado a prestar depoimento por suposto envolvimento
em contrabando ilegal de armas à
Croácia e ao Equador entre 1991 e
1995. O ex-presidente esteve detido em prisão domiciliar no ano
passado por essa acusação.
Com base em todas essas denúncias, o juiz Oyarbide havia pedido às autoridades suíças o rastreamento de possíveis contas em
nome de parentes de Menem
-como a ex-mulher, Zulema Yoma, a filha, Zulemita, e o filho,
Carlos Jr., já morto.
Também estavam sendo investigados o ex-secretário-geral da
Presidência Alberto Kohan, e o
ex-diretor da Casa da Moeda Armando Gostanian, além de Ramón Hernández.
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