São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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ORIENTE MÉDIO

País imuniza contra varíola; avaliação de analista americano prevê uso de arma nuclear israelense

Israel fala em retaliar se o Iraque atacar e já vacina sua população

Reuters
Jovens palestinos armados participam de marcha do Fatah em apoio a Saddam Hussein, em Gaza


DA REDAÇÃO

Autoridades israelenses alertaram ontem que o país está disposto a retaliar o Iraque caso seja atacado por Saddam Hussein. Segundo relatos, Israel usaria seu arsenal nuclear se atingido com armas químicas ou biológicas.
O país já se prepara para uma campanha militar dos EUA para derrubar o ditador. Começou ontem a vacinar a população contra a varíola. Teme que, em tentativa de ganhar apoio árabe, Saddam tente atrair Israel para a guerra.
"Israel tem capacidade e até mesmo liberdade de ação para fazer o que for preciso para defender sua população", disse Dore Gold, assessor do premiê Ariel Sharon. A situação lembra a Guerra do Golfo (1991), quando o Iraque disparou 39 mísseis Scud contra o território israelense. Na ocasião, Washington pediu a Israel que não retaliasse, pois a sua participação poderia abalar a coalizão liderada pelos americanos, que incluía países árabes.
Hoje, afirmou Gold, o governo israelense não teria razão para se conter, já que os países árabes que se aliaram aos EUA em 1991 se recusam a fazê-lo desta vez.
O diário "Haaretz" afirmou que, segundo avaliação feita por um analista militar americano no Senado dos EUA, Israel poderia utilizar armas nucleares contra o Iraque em resposta a um ataque não-convencional. Um dos cenários apresentados por Anthony Cordesman, do Center for Strategic and International Studies, é o uso, por Saddam, de mísseis com ogivas químicas ou biológicas.
Na sua visão, Israel não teria outra alternativa senão usar armas nucleares, o que poderia eliminar o Iraque do mapa. As autoridades israelenses prometem revidar qualquer tipo de agressão iraquiana. O chanceler Shimon Peres disse à TV CNN que um ataque ao Iraque seria "perigoso, mas adiá-lo seria mais perigoso", pois "Saddam terá mais armas."
O ditador, no poder desde 1979, foi indicado ontem pelo Conselho do Comando da Revolução para novo mandato de sete anos, a ser referendado em outubro.
Ações do Exército israelense ontem mataram três palestinos na faixa de Gaza -dois suspeitos por terrorismo e um garoto de cinco anos, baleado numa plantação perto do assentamento de Ganei Tal. Israel disse ter respondido a disparos, enquanto palestinos acusaram os soldados de abrir fogo sem que houvesse provocação.

Com agências internacionais

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