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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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PARAGUAI

Novo presidente promete mudanças e defende política com "rosto humano"

Na posse, Duarte ataca neoliberalismo

DA REDAÇÃO

Nicanor Duarte Frutos, 46, assumiu ontem a Presidência do Paraguai com duras críticas ao neoliberalismo e promessas de fazer uma gestão que busque o "desenvolvimento com rosto humano". Ele também voltou a dizer que combaterá "os mafiosos" que tornaram o país sinônimo de pirataria, contrabando e corrupção.
"O neoliberalismo tem sido um fracasso porque nega e oprime a dignidade humana", afirmou Duarte durante seu discurso de posse, de 50 minutos, diante de nove chefes de Estado latino-americanos, incluindo Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil.
Ele criticou os "oráculos da desocupação e da miséria" e disse que não aplicará "culturas miméticas" nem servirá a "interesses estrangeiros". "O ser humano vale mais que o mercado", disse ele em uma fala elogiada pelo ditador de Cuba, Fidel Castro, que se disse "impressionado" e "encantado".
Duarte fez parte de seu discurso em guarani, língua falada por 90% da população paraguaia. "Cheipitivokena, cheipitivokena [Ajudem-me, ajudem-me]", disse, antes de ser ovacionado pelas milhares de pessoas que acompanhavam o discurso na praça do Congresso, em Assunção.
Ele também prometeu lutar contra os problemas crônicos do Paraguai e tirar o país de sua mais grave crise econômica. "Vamos fazer uma guerra contra as máfias", disse, com um soco no ar. "Vamos lutar contra todos os envolvidos em pirataria e em contrabando", afirmou.
Duarte sucede a Luis González Macchi, que exercia o cargo desde 1999 e que também pertence ao Partido Colorado, no poder ininterruptamente desde 1947.
González Macchi teve anteontem sua saída do país proibida pela Justiça, por causa da acusação de um desvio de US$ 16 milhões. Ele também foi acusado, durante o mandato, de utilizar um carro roubado no Brasil. Anteontem, ele disse que não tem nada a esconder e que se submeterá às decisões da Justiça.
Em seu discurso de despedida, ontem, González Macchi reconheceu que sua gestão teve resultados pobres, mas reclamou de uma suposta falta de cooperação por parte do Congresso.
"Reconhecemos que não obtivemos os resultados desejados na luta contra a corrupção, no objetivo de elevar os níveis de crescimento econômico, na solução aos problemas sociais, na reativação econômica no setor industrial", afirmou. "Eu recebi um país afundado em uma dramática e séria crise política. Hoje eu entrego o país em paz", disse.
González Macchi sofreu fortes questionamentos sobre sua legitimidade por não ter sido eleito diretamente para a Presidência. Ele assumiu o cargo em março de 1999, como presidente do Congresso, após o assassinato do vice-presidente Luis María Argaña e a renúncia do presidente Raúl Cubas Grau, acusado de cumplicidade na morte do vice.


Com agências internacionais

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