São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2004

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COM A OPOSIÇÃO

"Até o Lula já se deu conta de que esse homem é louco", diz eleitora

DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

A Folha visitou ontem um local de votação numa igreja de Las Mercedes, um dos bairros mais nobres e oposicionistas de Caracas. Segundo planilha de uma pesquisa boca-de-urna que estava sendo feita ali, mais de 90% responderam "sim" à pergunta "você está de acordo em deixar sem efeito o mandato popular outorgado mediante eleições democráticas legítimas do cidadão Hugo Rafael Chávez Frías como presidente da República Bolivariana da Venezuela para o atual período presidencial."
Uma das que votaram contra Chávez é a funcionária pública federal Amanda Pacheco, 49. Temendo represálias, ela forneceu um nome fictício.
Pacheco afirma não ter assinado o abaixo-assinado promovido pela oposição para convocar o plebiscito. "Dois colegas do meu setor foram despedidos por isso", disse, sem dizer o nome ou em que área atuavam.
Durante o processo de coleta de assinaturas, sindicatos de funcionários públicos oposicionistas denunciaram milhares de demissões de pessoas que haviam apoiado a petição. O governo nega as acusações.
Na fila havia três horas -desde as 4h30-, Pacheco disse ter sofrido pressão de seu chefe para que não comparecesse à urna. "Ele disse que o "sim" não ia ganhar, que eu não perdesse meu tempo."
Sobre as razões de querer afastar Chávez, Pacheco disse que ele não tem condições para ser presidente. "Até o Lula já se deu conta que esse homem é louco."
A coação também foi o motivo alegado pelo consultor de empresas desempregado Hernan Michel Angel, 50, que votou na região de classe média da Candelária, onde a predominância de um dos lados era pouco clara.
"Se não tem um retrato do Lula, não pode trabalhar. Como lhe parece isso?", disse Angel, que hoje diz trabalhar como professor.
Atrás na fila, a administradora Janet Negrin, 34 disse apoiar Chávez, não quis polemizar."Entre o povo, existe tolerância; entre a cúpula dos políticos, não há", disse.
Os oposicionistas são chamados pejorativamente de "esquálidos", mas agora usam o termo de forma positiva. (FM)

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