|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COM A OPOSIÇÃO
"Até o Lula já se deu conta de que esse homem é louco", diz eleitora
DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
A Folha visitou ontem um local
de votação numa igreja de Las
Mercedes, um dos bairros mais
nobres e oposicionistas de Caracas. Segundo planilha de uma
pesquisa boca-de-urna que estava
sendo feita ali, mais de 90% responderam "sim" à pergunta "você está de acordo em deixar sem
efeito o mandato popular outorgado mediante eleições democráticas legítimas do cidadão Hugo
Rafael Chávez Frías como presidente da República Bolivariana
da Venezuela para o atual período
presidencial."
Uma das que votaram contra
Chávez é a funcionária pública federal Amanda Pacheco, 49. Temendo represálias, ela forneceu
um nome fictício.
Pacheco afirma não ter assinado
o abaixo-assinado promovido pela oposição para convocar o plebiscito. "Dois colegas do meu setor foram despedidos por isso",
disse, sem dizer o nome ou em
que área atuavam.
Durante o processo de coleta de
assinaturas, sindicatos de funcionários públicos oposicionistas denunciaram milhares de demissões de pessoas que haviam
apoiado a petição. O governo nega as acusações.
Na fila havia três horas -desde
as 4h30-, Pacheco disse ter sofrido pressão de seu chefe para que
não comparecesse à urna. "Ele
disse que o "sim" não ia ganhar,
que eu não perdesse meu tempo."
Sobre as razões de querer afastar Chávez, Pacheco disse que ele
não tem condições para ser presidente. "Até o Lula já se deu conta
que esse homem é louco."
A coação também foi o motivo
alegado pelo consultor de empresas desempregado Hernan Michel Angel, 50, que votou na região de classe média da Candelária, onde a predominância de um
dos lados era pouco clara.
"Se não tem um retrato do Lula,
não pode trabalhar. Como lhe parece isso?", disse Angel, que hoje
diz trabalhar como professor.
Atrás na fila, a administradora
Janet Negrin, 34 disse apoiar Chávez, não quis polemizar."Entre o
povo, existe tolerância; entre a cúpula dos políticos, não há", disse.
Os oposicionistas são chamados
pejorativamente de "esquálidos",
mas agora usam o termo de forma
positiva. (FM)
Texto Anterior: Governistas evitam cerveja do adversário Próximo Texto: Participação de venezuelano que vive fora do país também é elevada Índice
|