São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2004

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EUA

Até 70 mil soldados e oficiais e 100 mil funcionários de apoio e familiares deixarão Europa e Ásia e voltarão ao seu país

Bush anuncia hoje corte recorde de tropas no exterior

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, George W. Bush, deve anunciar hoje, durante discurso para veteranos de guerra, a retirada de até 70 mil militares da Europa e da Ásia, além de 100 mil funcionários de apoio e familiares, segundo informações divulgadas nesse final de semana por autoridades militares do país.
As mudanças -que não afetarão o contingente no Iraque e no Afeganistão- significam o mais importante rearranjo militar ocorrido no mundo desde o fim da Guerra Fria.
O número representa mais de um terço do total de soldados dos EUA espalhados pelo mundo, com exceção dos dois países ocupados pelos americanos. Cerca de 200 mil militares ao todo, dos quais 100 mil na Europa.

Tropas menores
O Departamento da Defesa teria avisado a seus comandantes na Alemanha, no início deste ano, que pretendia substituir o pesado efetivo no país por tropas menores, segundo eles com maior poder de movimentação.
"Isso [todo o rearranjo de tropas] vai fortalecer nossa possibilidade de responder a ameaças internacionais, aumentar a capacidade de proteger os Estados Unidos e diminuir o fardo imposto a nossos militares e suas famílias", disse ao "New York Times" um integrante do governo sob condição de anonimato, já que o plano ainda não foi oficialmente anunciado pelo presidente.
A decisão acontece no momento em que o Exército americano encontra dificuldades de alistamento e de uso maior de tropas no Iraque e no Afeganistão. O período de estadia de muitos soldados no Iraque foi prolongado indefinidamente.
Autoridades militares teriam dito, no entanto, ainda segundo o diário nova-iorquino, que o rearranjo não está relacionado com os conflitos nos dois países.
O anúncio de Bush também acontece a duas semanas da Convenção Republicana, que confirmará o nome do presidente como candidato à reeleição pelo partido, e em meio à principal disputa simbólica do momento entre ele e seu oponente democrata, John Kerry: saber quem seria o melhor comandante militar do país numa época de insegurança e de declarada guerra contra o terrorismo.
Kerry critica o fato de o atual presidente, segundo ele, ter declarado guerra "sem ter um plano para garantir a paz".
Funcionários do Pentágono que trabalham há cerca de um ano na definição do rearranjo militar do país argumentam que o objetivo das mudanças é criar maior flexibilidade para o envio de tropas a qualquer parte do mundo.
Boa parte dos militares retornariam inicialmente para os Estados Unidos, embora não se tenha informado o período exato para o deslocamento.

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