São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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Para Lula, Venezuela provou que é uma "verdadeira democracia"

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou ontem, em Manaus, o resultado do plebiscito que manteve no governo o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Segundo Lula, o plebiscito "não deixou dúvida para nenhum país do mundo de que na Venezuela existe uma verdadeira democracia".
Os dois discursaram no encerramento do Seminário Empresarial Brasil-Venezuela, a uma platéia de cerca de 600 pessoas.
"A partir do referendo, não pode mais haver dúvidas em nenhum lugar do mundo de que a Venezuela assumiu a consolidação do processo democrático. Que ninguém coloque em dúvida a lisura de um processo sofrido, um processo, eu diria, espinhoso", afirmou o presidente.
"Quantas vezes eu encontrei o presidente Chávez angustiado, quando poderia estar dedicando o tempo para coisas melhores, e ficava preocupado com problemas políticos de pessoas que, muitas vezes, não queriam aceitar o processo democrático da Venezuela", disse.
Dirigindo-se aos empresários venezuelanos, Lula afirmou que "os que não ganharam [a oposição venezuelana] devem comemorar tanto quanto os que ganharam, porque o que vai ficar como marca definitiva é o grau de consciência política do povo da Venezuela, que não teve nenhuma dúvida de ir às urnas, consolidar a democracia mais uma vez e referendar um presidente que tem dedicado a sua vida em favor do povo pobre da Venezuela".
Chávez discursou por pouco mais de uma hora -três vezes a duração do discurso de Lula. O venezuelano voltou a defender a integração sul-americana e elogiou o papel do Brasil durante a crise de seu país.
"A você, Lula, ao Brasil, ao [chanceler] Celso [Amorim]: muito obrigado. Como vocês têm nos ajudado, de milhares de maneiras, algumas públicas, na maioria das vezes não-públicas, com gestões, discussões", disse Chávez, sem entrar em detalhes.
Em seguida, ele agradeceu a Marco Aurélio Garcia, assessor internacional de Lula, pelo Grupo de Amigos da Venezuela, criado em 2003 por iniciativa do Brasil.
Presidente de um dos principais países produtores de petróleo, Chávez disse que, se a Guerra do Iraque continuar, "levará o preço do barril a US$ 100". Como de praxe, Chávez fez um discurso permeado de referências históricas à independência venezuelana.


Colaborou Fabiano Maisonnave


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