São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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RÚSSIA

Presidente dos EUA reforça ataque de Powell à centralização de poder determinada por Putin; Kremlin rebate críticas

Bush vê ameaça à democracia na Rússia

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que está preocupado com prejuízos à democracia na Rússia advindos de reforma política ordenada pelo presidente Vladimir Putin.
"Quando os governos lutam contra os inimigos da democracia eles devem se basear nos princípios da democracia", disse Bush, em discurso na Casa Branca.
As reformas anunciadas segunda-feira por Moscou acabam com as eleições diretas para os governadores das 89 regiões da Federação Russa, que passariam a ser nomeados pelo Kremlin. Também suprimem o voto distrital para a eleição dos integrantes da Duma, a Câmara Baixa -eles seriam todos escolhidos com base em listas definidas pelos partidos.
Bush disse que as democracias preservam o equilíbrio entre os governos central e regionais, entre o Legislativo e o Judiciário.
Embora em proporção menor, Bush recebeu críticas de ativistas de direitos humanos por prejudicar a democracia com medidas adotadas após o 11 de Setembro, como a prisão por tempo indeterminado de suspeitos de atividades conspiratórias (Patriotic Act).
A Casa Branca também desprezou a lei internacional ao invadir o Iraque sem a autorização do Conselho de Segurança da ONU. Argumentou que precisava neutralizar arsenais de destruição em massa de Saddam Hussein que até hoje não foram encontrados.
Ainda antes do discurso de Bush, o ministro do Exterior da Rússia, Sergey Lavrov, rejeitou as críticas do secretário de Estado americano, Colin Powell, às reformas de Putin: "Antes de tudo, o processo que está em marcha na Rússia é nosso problema interno", disse. "Nós não fazemos comentários sobre o sistema das eleições presidenciais americanas, por exemplo", completou.
A União Européia voltou ontem à criticar Putin. O britânico Chris Patten, comissário para Política Externa, disse em Estrasburgo (França) que espera que Moscou "desista da idéia de que a única resposta ao terrorismo é incrementar poderes do Kremlin".
Voltaram ontem às aulas as sete escolas públicas de Beslan, cidade da Ossétia do Norte em que mais de 300 reféns foram mortos em ação do terror islâmico.
Na escola em que há duas semanas ocorreu o seqüestro, a freqüência foi baixa: uma em cada quatro crianças compareceu.
Os alunos chegaram escoltados por militares armados e vestidos em uniformes de combate. Os pais estavam tensos. Foi observado um minuto de silêncio em memória das estimadas 170 crianças que morreram no ato terrorista.
Cães farejadores terminaram na véspera a revista das instalações semidestruídas, à procura de explosivos deixados pelo comando de terroristas tchetchenos.
O vice-procurador Vladimir Kolesnikov disse que só "um inquérito em profundidade" determinará as falhas de segurança que permitiram a terroristas armados passar por postos de controle rodoviário e chegar a Beslan.
Informações publicadas na semana passada indicam que os tchetchenos pura e simplesmente subornaram policiais responsáveis pelas vistoria. Suborno também teria ocorrido para que duas terroristas tchetchenas com explosivos conseguissem embarcar nos dois aviões Tupolev derrubados por atentados em 24 de agosto, matando 89 pessoas.
O procurador Vladimir Ustinov disse que, depois de detidas por alguns minutos para verificação de identidade, as duas mulheres foram liberadas e subornaram com o equivalente a US$ 34 os empregados das empresas aéreas.
Surgiram também ontem informações sobre a deserção para os quadros clandestinos tchetchenos de ex-policiais e ex-autoridades ligadas à segurança pública russa.
Segundo a Associated Press, Ali Taziyev, ex-policial na Inguchétia, república vizinha à Tchetchênia, pode estar entre os seqüestradores de Beslan. Desertou em 2000 e mudou de nome, chamando-se agora Magomed Yevloyev.
Haveria ainda o caso de Daud Korigov, ex-ministro do Interior da Inguchétia de 1997 a 1998, que aderiu aos rebeldes e lhes emprestou uma casa em Grozni, a capital tchetchena.


Com agências internacionais


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