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RÚSSIA
Presidente dos EUA reforça ataque de Powell à centralização de poder determinada por Putin; Kremlin rebate críticas
Bush vê ameaça à democracia na Rússia
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, disse ontem que está
preocupado com prejuízos à democracia na Rússia advindos de
reforma política ordenada pelo
presidente Vladimir Putin.
"Quando os governos lutam
contra os inimigos da democracia
eles devem se basear nos princípios da democracia", disse Bush,
em discurso na Casa Branca.
As reformas anunciadas segunda-feira por Moscou acabam com
as eleições diretas para os governadores das 89 regiões da Federação Russa, que passariam a ser
nomeados pelo Kremlin. Também suprimem o voto distrital
para a eleição dos integrantes da
Duma, a Câmara Baixa -eles seriam todos escolhidos com base
em listas definidas pelos partidos.
Bush disse que as democracias
preservam o equilíbrio entre os
governos central e regionais, entre o Legislativo e o Judiciário.
Embora em proporção menor,
Bush recebeu críticas de ativistas
de direitos humanos por prejudicar a democracia com medidas
adotadas após o 11 de Setembro,
como a prisão por tempo indeterminado de suspeitos de atividades conspiratórias (Patriotic Act).
A Casa Branca também desprezou a lei internacional ao invadir
o Iraque sem a autorização do
Conselho de Segurança da ONU.
Argumentou que precisava neutralizar arsenais de destruição em
massa de Saddam Hussein que
até hoje não foram encontrados.
Ainda antes do discurso de
Bush, o ministro do Exterior da
Rússia, Sergey Lavrov, rejeitou as
críticas do secretário de Estado
americano, Colin Powell, às reformas de Putin: "Antes de tudo, o
processo que está em marcha na
Rússia é nosso problema interno", disse. "Nós não fazemos comentários sobre o sistema das
eleições presidenciais americanas, por exemplo", completou.
A União Européia voltou ontem
à criticar Putin. O britânico Chris
Patten, comissário para Política
Externa, disse em Estrasburgo
(França) que espera que Moscou
"desista da idéia de que a única
resposta ao terrorismo é incrementar poderes do Kremlin".
Voltaram ontem às aulas as sete
escolas públicas de Beslan, cidade
da Ossétia do Norte em que mais
de 300 reféns foram mortos em
ação do terror islâmico.
Na escola em que há duas semanas ocorreu o seqüestro, a freqüência foi baixa: uma em cada
quatro crianças compareceu.
Os alunos chegaram escoltados
por militares armados e vestidos
em uniformes de combate. Os
pais estavam tensos. Foi observado um minuto de silêncio em memória das estimadas 170 crianças
que morreram no ato terrorista.
Cães farejadores terminaram na
véspera a revista das instalações
semidestruídas, à procura de explosivos deixados pelo comando
de terroristas tchetchenos.
O vice-procurador Vladimir
Kolesnikov disse que só "um inquérito em profundidade" determinará as falhas de segurança que
permitiram a terroristas armados
passar por postos de controle rodoviário e chegar a Beslan.
Informações publicadas na semana passada indicam que os
tchetchenos pura e simplesmente
subornaram policiais responsáveis pelas vistoria. Suborno também teria ocorrido para que duas
terroristas tchetchenas com explosivos conseguissem embarcar
nos dois aviões Tupolev derrubados por atentados em 24 de agosto, matando 89 pessoas.
O procurador Vladimir Ustinov
disse que, depois de detidas por
alguns minutos para verificação
de identidade, as duas mulheres
foram liberadas e subornaram
com o equivalente a US$ 34 os
empregados das empresas aéreas.
Surgiram também ontem informações sobre a deserção para os
quadros clandestinos tchetchenos
de ex-policiais e ex-autoridades ligadas à segurança pública russa.
Segundo a Associated Press, Ali
Taziyev, ex-policial na Inguchétia,
república vizinha à Tchetchênia,
pode estar entre os seqüestradores de Beslan. Desertou em 2000 e
mudou de nome, chamando-se
agora Magomed Yevloyev.
Haveria ainda o caso de Daud
Korigov, ex-ministro do Interior
da Inguchétia de 1997 a 1998, que
aderiu aos rebeldes e lhes emprestou uma casa em Grozni, a capital
tchetchena.
Com agências internacionais
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