São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2008

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Militares controlam apenas parcialmente a capital pandina

DO ENVIADO A COBIJA (BOLÍVIA)

Sob estado de sítio desde sexta-feira, Cobija está apenas parcialmente controlada pelas Forças Armadas, que ontem de madrugada invadiram ao menos dez casas de opositores em várias partes da capital do departamento de Pando, localizada na fronteira com o Acre. Ao menos seis dirigentes foram presos, segundo o governador Leopoldo Fernández.
Mesmo com a presença militar, várias instituições do Estado estão fechadas pelos opositores. Os serviços de imigração e as aduanas, por exemplo, estiveram fechados nos últimos dias -não há nenhum controle nos dois postos de fronteira com o Brasil. A divisa é marcada pelo rio Acre.
Algumas lojas da cidade continuam fechadas, depois de uma onda de saques na semana passada. Já os poucos postos de gasolina abertos acumulavam longas filas, principalmente de motos, por causa da falta de combustível em toda a região.
Um dos locais mais tensos é o aeroporto, tomado na sexta-feira pelo Exército em meio a um intenso tiroteio, com um saldo de ao menos dois mortos.
A única medida do estado de sítio proclamado por Morales que vem sendo respeitada é o toque de recolher após a meia-noite, quando apenas patrulhas do Exército são vistas circulando pela cidade.
Apesar de o governo Evo Morales ter anunciado a intenção de prendê-lo no sábado à noite, o governador oposicionista de Pando caminhou pelas ruas de Cobija durante a manhã.
Acusado por Morales de estar por trás da violência nos últimos dias, Fernández andou por duas quadras até a sede do governo, acompanhado por jornalistas e algumas dezenas de simpatizantes, apesar de o estado de sítio proibir manifestações desse tipo.
"Eles não têm o argumento legal para me prender, eu sou autoridade eleita pelo meu povo", disse Fernández, em entrevista coletiva. "Segundo, estão esperando as condições para inventar as evidências para que se dê um suposto processo de investigação que leve à minha detenção."
"Estou aqui; não entendo por que podem levar outras pessoas que não têm absolutamente nada a ver nem sequer com a luta política", afirmou o governador, sobre as detenções na madrugada.

Denúncia por genocídio
Horas mais tarde, o procurador-geral da Bolívia, Mario Uribe, formalizou uma denúncia contra Fernández e outros dois políticos regionais.
A denúncia fala em "suposta comissão de delito de genocídio em sua forma de massacre sangrento". Os três são acusados de promover os choques violentos da última quinta-feira, quando morreram 15 pessoas, quase todos camponeses pró-Morales. (FM)

Com agências internacionais



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