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Militares controlam apenas parcialmente a capital pandina
DO ENVIADO A COBIJA (BOLÍVIA)
Sob estado de sítio desde sexta-feira, Cobija está apenas parcialmente controlada pelas
Forças Armadas, que ontem de
madrugada invadiram ao menos dez casas de opositores em
várias partes da capital do departamento de Pando, localizada na fronteira com o Acre. Ao
menos seis dirigentes foram
presos, segundo o governador
Leopoldo Fernández.
Mesmo com a presença militar, várias instituições do Estado estão fechadas pelos opositores. Os serviços de imigração
e as aduanas, por exemplo, estiveram fechados nos últimos
dias -não há nenhum controle
nos dois postos de fronteira
com o Brasil. A divisa é marcada pelo rio Acre.
Algumas lojas da cidade continuam fechadas, depois de
uma onda de saques na semana
passada. Já os poucos postos de
gasolina abertos acumulavam
longas filas, principalmente de
motos, por causa da falta de
combustível em toda a região.
Um dos locais mais tensos é o
aeroporto, tomado na sexta-feira pelo Exército em meio a
um intenso tiroteio, com um
saldo de ao menos dois mortos.
A única medida do estado de
sítio proclamado por Morales
que vem sendo respeitada é o
toque de recolher após a meia-noite, quando apenas patrulhas
do Exército são vistas circulando pela cidade.
Apesar de o governo Evo Morales ter anunciado a intenção
de prendê-lo no sábado à noite,
o governador oposicionista de
Pando caminhou pelas ruas de
Cobija durante a manhã.
Acusado por Morales de estar por trás da violência nos últimos dias, Fernández andou
por duas quadras até a sede do
governo, acompanhado por jornalistas e algumas dezenas de
simpatizantes, apesar de o estado de sítio proibir manifestações desse tipo.
"Eles não têm o argumento
legal para me prender, eu sou
autoridade eleita pelo meu povo", disse Fernández, em entrevista coletiva. "Segundo, estão
esperando as condições para
inventar as evidências para que
se dê um suposto processo de
investigação que leve à minha
detenção."
"Estou aqui; não entendo por
que podem levar outras pessoas que não têm absolutamente nada a ver nem sequer com a
luta política", afirmou o governador, sobre as detenções na
madrugada.
Denúncia por genocídio
Horas mais tarde, o procurador-geral da Bolívia, Mario Uribe, formalizou uma denúncia
contra Fernández e outros dois
políticos regionais.
A denúncia fala em "suposta
comissão de delito de genocídio
em sua forma de massacre sangrento". Os três são acusados
de promover os choques violentos da última quinta-feira,
quando morreram 15 pessoas,
quase todos camponeses pró-Morales.
(FM)
Com agências internacionais
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