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Paris reage a UE, que suaviza crítica por expulsão de ciganos
Comissária afirma que não quis traçar um paralelo com nazismo
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O governo francês reagiu
ontem às críticas promovidas
pela União Europeia (UE) sobre a política de expulsão de
ciganos a seus países de origem, consideradas "inaceitáveis" por Paris.
Na véspera, a comissária
de Justiça da Comissão Europeia -órgão executivo da
UE-, Viviane Reding, havia
qualificado as expulsões de
"desgraça" e estabelecido relação com as perseguições do
regime nazista.
Reding prometeu abrir um
processo contra a França no
bloco alegando que a política
viola leis de livre circulação.
"É inaceitável comparar a
situação de hoje com um período trágico de nossa história", afirmou ontem o porta-voz do governo da França,
que divulgou nota oficial repudiando os comentários.
O ministro para Assuntos
Europeus, Pierre Lellouche,
disse que "há limite para a
paciência". "Uma passagem
de avião de volta para um
país da União Europeia não é
a mesma coisa que trens da
morte e câmaras de gás."
O presidente Nicolas Sarkozy, segundo relatos de senadores que tiveram reunião
com ele, foi mais longe e sugeriu que Luxemburgo, país
de Reding, receba os ciganos
expulsos de seu país.
Ainda segundo relatos,
Sarkozy reagiu com indignação às declarações de Reding
e prometeu responder às críticas em encontro de líderes
da UE marcado para hoje.
RECUO
Ontem à noite, Reding negou que tivesse tentado traçar um paralelo entre as expulsões e as práticas nazistas
da Segunda Guerra. "Ao contrário, defendi, em nome da
Comissão Europeia, os princípios e os valores sobre os
quais se baseia a UE", disse.
"Lamento que as interpretações desviem a atenção do
problema que nós devemos
enfrentar", afirmou ela.
Anteontem, a comissária
dissera pensar "que a Europa
não precisaria testemunhar
mais uma vez situação como
esta após a Segunda Guerra
Mundial". Reding se disse
"comovida" por pessoas estarem sendo expulsas de um
país-membro da UE apenas
por serem de minoria étnica.
Desde o início do ano, Paris afirma ter desmantelado
cerca de mil acampamentos
e expulsado 8.000 ciganos.
Eles são associados a aumento de criminalidade, desemprego e elevação de custos dos serviços públicos pelo governo -de olho nos eleitores conservadores que
compõem a sua base política.
O premiê da Itália, Silvio
Berlusconi -que promove
polêmicas políticas anti-imigrantes-, manifestou solidariedade a Sarkozy, dizendo que as críticas deveriam
ser feitas em privado.
Já o presidente da Comissão Europeia, José Manuel
Durão Barroso, apoiou Reding, mas disse que, "no calor da hora, uma ou outra expressão pode ter dado margem a desentendimentos".
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