São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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Paris reage a UE, que suaviza crítica por expulsão de ciganos

Comissária afirma que não quis traçar um paralelo com nazismo

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O governo francês reagiu ontem às críticas promovidas pela União Europeia (UE) sobre a política de expulsão de ciganos a seus países de origem, consideradas "inaceitáveis" por Paris.
Na véspera, a comissária de Justiça da Comissão Europeia -órgão executivo da UE-, Viviane Reding, havia qualificado as expulsões de "desgraça" e estabelecido relação com as perseguições do regime nazista.
Reding prometeu abrir um processo contra a França no bloco alegando que a política viola leis de livre circulação.
"É inaceitável comparar a situação de hoje com um período trágico de nossa história", afirmou ontem o porta-voz do governo da França, que divulgou nota oficial repudiando os comentários.
O ministro para Assuntos Europeus, Pierre Lellouche, disse que "há limite para a paciência". "Uma passagem de avião de volta para um país da União Europeia não é a mesma coisa que trens da morte e câmaras de gás."
O presidente Nicolas Sarkozy, segundo relatos de senadores que tiveram reunião com ele, foi mais longe e sugeriu que Luxemburgo, país de Reding, receba os ciganos expulsos de seu país.
Ainda segundo relatos, Sarkozy reagiu com indignação às declarações de Reding e prometeu responder às críticas em encontro de líderes da UE marcado para hoje.

RECUO
Ontem à noite, Reding negou que tivesse tentado traçar um paralelo entre as expulsões e as práticas nazistas da Segunda Guerra. "Ao contrário, defendi, em nome da Comissão Europeia, os princípios e os valores sobre os quais se baseia a UE", disse.
"Lamento que as interpretações desviem a atenção do problema que nós devemos enfrentar", afirmou ela.
Anteontem, a comissária dissera pensar "que a Europa não precisaria testemunhar mais uma vez situação como esta após a Segunda Guerra Mundial". Reding se disse "comovida" por pessoas estarem sendo expulsas de um país-membro da UE apenas por serem de minoria étnica.
Desde o início do ano, Paris afirma ter desmantelado cerca de mil acampamentos e expulsado 8.000 ciganos.
Eles são associados a aumento de criminalidade, desemprego e elevação de custos dos serviços públicos pelo governo -de olho nos eleitores conservadores que compõem a sua base política.
O premiê da Itália, Silvio Berlusconi -que promove polêmicas políticas anti-imigrantes-, manifestou solidariedade a Sarkozy, dizendo que as críticas deveriam ser feitas em privado.
Já o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, apoiou Reding, mas disse que, "no calor da hora, uma ou outra expressão pode ter dado margem a desentendimentos".


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