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ESCÂNDALO NA CASA BRANCA
Decisão sobre divulgação da declaração do presidente ao júri de inquérito pode sair ainda hoje
Depoimento de Clinton pode sair em vídeo
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
Depois do sexo e das mentiras, só
faltava o videoteipe para a atual
novela da política norte-americana merecer o mesmo título do filme de Steven Soderbergh que ganhou o Festival de Cannes de 1989.
Não falta mais. O vídeo com o depoimento de quatro horas do presidente Bill Clinton ao júri de inquérito do caso Monica Lewinsky
pode ser divulgado pela Comissão
de Justiça da Câmara dos Representantes (deputados).
A decisão de tornar público o vídeo do testemunho de 17 de agosto
pode ser tomada ainda hoje, apesar da oposição dos deputados do
partido do governo, o Democrata.
Quem viu o depoimento diz que
Clinton perdeu a calma algumas
vezes e demonstrou desconforto
ao ouvir perguntas sobre seus encontros com Lewinsky, algumas
das quais se negou a responder.
O porta-voz do presidente, Mike
McCurry, disse esperar que o vídeo seja usado "de maneira responsável". O principal temor do
governo é que trechos do vídeo sejam aproveitados na propaganda
de candidatos da oposição na campanha eleitoral de novembro.
O receio de que o escândalo possa prejudicar muito as perspectivas de vitória de candidatos democratas em novembro tem ampliado a distância entre muitos parlamentares governistas e Clinton.
Dois deputados do Partido Democrata tiveram seus discursos interrompidos na sessão de ontem
pelo presidente da Câmara (Newt
Gingrich, da oposição) por estarem se referindo ao presidente em
termos considerados ofensivos.
Gingrich advertira na sexta-feira
passada que nenhuma ofensa a
Clinton seria tolerada por ele no
plenário da Câmara. Ontem, Gingrich anunciou que a Câmara não
vai entrar em recesso em 9 de outubro, como programado, para
permitir que o processo de impeachment de Clinton possa continuar, caso seja necessário.
O líder da oposição no Senado,
Trent Lott, jogou água fria sobre a
hipótese de o Congresso aplicar
uma moção de censura contra
Clinton como forma de encerrar o
processo depressa. Ele afirmou
que essa solução não tem a simpatia de seus colegas de bancada.
Clinton se reuniu ontem com
seus comandantes militares. Apesar de o secretário da Defesa, William Cohen, ter dito que o presidente está em condições de exercer
na plenitude suas funções de comandante-chefe das Forças Armadas, o caso Lewinsky tem causado
mal-estar entre militares.
A legislação militar proíbe adultério, e vários oficiais foram reformados durante o governo Clinton
por terem praticado adultério.
Cohen, que pertence ao Partido
Republicano, de oposição, participava da Comissão de Justiça da Câmara em 1974 e votou pelo impeachment de Richard Nixon.
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