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NAZISMO
Obras de Monet e Picasso estão no Brasil
Arte expropriada tem destino debatido
MARIO CESAR CARVALHO
da Reportagem Local
A comissão federal que investiga
o patrimônio de nazistas no Brasil
começa a discutir hoje o que fazer
com uma tela de Picasso e outra de
Monet que teriam sido expropriadas de judeus pelos nazistas na Segunda Guerra (1939-1945).
As famílias brasileiras que haviam comprado os trabalhos entregaram as telas para a comissão
logo que souberam da suspeita de
que teriam sido butim de guerra.
As obras foram descobertas em
São Paulo pelo Congresso Mundial
Judaico, que coordena a partir de
Nova York as investigações sobre o
patrimônio de judeus expropriado
pelos nazistas.
O nome das telas e das famílias
que estavam com elas estão sendo
mantidos em sigilo.
Segundo o rabino Henry Sobel,
presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista e integrante da comissão federal, as telas de
Picasso e Monet chegaram ao Brasil em 1939.
À época, teriam sido vendidas
por US$ 2,25 milhões pela Galeria
Fischer, de Lucerna, na Suíça. São
dois óleos sobre tela. O de Picasso
(1881-1973) mede cerca de 0,80 m x
0,50 m, segundo Sobel. O de Monet
(1840-1926) tem cerca de 1,20 m x
1,20 m. Não se sabe quanto valeriam as duas telas hoje.
Sobel diz que os US$ 2,25 milhões podem ter sido usados para
sustentar a rede de nazistas que havia no Brasil.
O Congresso Mundial Judaico
suspeita que as telas chegaram ao
Brasil por meio do marchand
Thaddeus Grauer, que já teria
morrido. Um documento do Exército dos EUA de maio de 1945, que
foi mantido em segredo até 1991,
diz que Grauer fazia negócios com
a Galeria Fischer durante a Segunda Guerra.
Nesse período, a Galeria Fischer
era a principal distribuidora de
obras de arte saqueadas pelos nazistas. Em um único leilão, em
1939, vendeu Picasso, Matisse, Modigliani, Klee e até um auto-retrato
de Van Gogh -a maioria dos quadros expropriados de judeus.
No caso do Picasso e do Monet
identificados no Brasil, não foi encontrada até agora documentação
provando que as obras pertenciam
a judeus, segundo Sobel.
Há essa suspeita porque a Galeria
Fischer trabalhava, principalmente, com obras expropriadas pelos
nazistas.
A dúvida da comissão, criada pelo Ministério da Justiça em abril do
ano passado, é o que fazer com as
obras agora.
"O mais importante para nós, judeus, é a restituição moral", diz Sobel. "Mas se houvesse possibilidade de restituir financeiramente (os
judeus), seria maravilhoso".
Ele defende que o eventual dinheiro arrecadado com a venda
das obras vá para os sobreviventes
de campos de extermínio que vivem no Brasil. Há cerca de 450 judeus nessa situação no país.
A destinação é polêmica, porque
as famílias provavelmente compraram as obras de arte sem saber
que haviam sido saqueadas pelos
nazistas.
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