PAULO DANIEL FARAH
ESPECIAL PARA A FOLHA

O pontificado de João Paulo 2º, 83, foi o que mais se prolongou no século 20, já é o quarto mais longo da história da igreja e, em poucos meses, caminha para se tornar o terceiro -entre mais de 260 papados.
Karol Wojtyla é o 264º papa a ocupar o trono de são Pedro e acumula outros vários recordes em relação a viagens, audiências com líderes políticos e beatificações e canonizações (veja ao lado).
A duração média dos pontificados é de 7,5 anos. O de são Pedro, considerado o primeiro papa, durou 34 ou 37 anos, de acordo com versões distintas. Segundo a tradição, os últimos 25 anos foram em Roma e os primeiros, na Antióquia.
Depois de um dos pontificados mais breves da história-o de João Paulo 1º (que durou pouco mais de um mês)-, o cardeal Wojtyla, então arcebispo de Cracóvia (Polônia), recebeu a notícia da morte do papa no final de setembro de 1978.
A igreja precisava de um papa que a conduzisse ao terceiro milênio. Segundo o padre polonês Mieczyslaw Malinski, amigo de João Paulo 2º, a escolha se deu sobretudo porque ele era considerado "um homem de centro", como opção entre candidatos claramente de direita ou de esquerda. Além disso, Wojtyla vinha de um país comunista (Polônia) e tinha carisma.
Ainda assim, a eleição de Wojtyla foi diferente daquela de João Paulo 1º (seu antecessor, escolhido em apenas quatro escrutínios). No caso de João Paulo 2º, a escolha teria acontecido no oitavo.
Um dos principais partidários da candidatura de Wojtyla foi o cardeal brasileiro Aloísio Lorscheider, então bispo de Fortaleza.
Nomeado cardeal dois anos antes, era presidente da Conferência dos Bispos da América Latina e queria uma maior participação das igrejas locais no processo de tomada de decisões em Roma. Fez campanha em prol de Wojtyla talvez sem perceber que compartilhavam poucas posições.