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ORIENTE MÉDIO
Nenhum dos principais grupos reivindica a ação, a primeira fatal contra os EUA na Intifada; Bush culpa ANP
Atentado mata três americanos em Gaza
DA REDAÇÃO
A explosão de uma bomba detonada por controle remoto atingiu um comboio de veículos diplomáticos dos EUA na faixa de
Gaza, matando três agentes de segurança americanos e ferindo um
quarto. Esse foi o primeiro ataque
fatal a ter como alvo americanos
desde a eclosão da Intifada (levante palestino) há três anos.
Nenhum dos principais grupos
terroristas palestinos assumiu o
atentado. Hamas, Jihad Islâmico e
Brigadas dos Mártires de Al Aqsa
divulgaram comunicado conjunto afirmando não terem ligação
com o ataque. As organizações
acrescentaram que os EUA não
são alvo de ações. "Nosso único
inimigo é Israel."
Um suposto membro de um
desconhecido grupo denominado Comitês de Resistência Popular assumiu a ação, segundo a
agência de notícias France Presse.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, culpou a ANP (Autoridade Nacional Palestina) pelo ataque. "As autoridades palestinas
deviam ter agido contra o terrorismo de todas as maneiras há
muito tempo", afirmou. "O fracasso em levar adiante as reformas e desmantelar grupos terroristas constitui um grande obstáculo para os palestinos alcançarem o seu tão sonhado Estado."
O presidente da ANP, Iasser
Arafat, e o premiê palestino, Ahmed Korei, condenaram o ataque
e prometeram que os responsáveis serão detidos. "Foi um crime
horrendo", afirmou Arafat.
Não estava claro ontem se o
comboio atacado foi escolhido
como alvo por ser americano. Os
veículos eram blindados e tinham
placa informando o caráter diplomático. Porém não havia nenhuma indicação de que eram americanos. Um carro da polícia palestina os acompanhava.
Para analistas, se confirmado
que a ação visou especificamente
os americanos, seria uma mudança no tipo de alvo dos terroristas
palestinos. Até agora, civis e militares israelenses são os alvos.
Além disso, o ataque deve levar os
EUA a serem ainda mais condescendentes com Israel nas ações
contra os palestinos.
Pesquisa de opinião divulgada
ontem indica que 97% dos palestinos acreditam que os EUA favoreçam Israel.
O ministro da Defesa de Israel,
Shaul Mofaz, disse que há "informações concretas" de que a ação
de ontem estava dirigida aos americanos. E acrescentou que os responsáveis serão capturados.
O comboio diplomático seguia
para encontro na faixa de Gaza
com professores palestinos. Seria
discutida a concessão de bolsas
universitárias. As vítimas, que
trabalhavam para uma empresa
privada que prestas serviços para
o Departamento de Estado, escoltavam os diplomatas.
Ao menos 49 americanos já
morreram na Intifada. Porém essas vítimas não foram alvo direto
de ataques palestinos. Morreram
em atentados terroristas que visavam civis israelenses ou em fogo
cruzado. A embaixada pediu que
os cerca de 400 americanos que
estavam na faixa de Gaza se retirem da área. Diplomatas americanos deixaram a Cisjordânia.
Investigadores do FBI foram
enviados à cena do ataque. Ao
chegarem, eles foram recebidos a
pedradas por jovens palestinos.
Cerca de 800 palestinos entoavam
gritos de "Deus é grande".
O primeiro carro a passar sobre
a bomba colocada na estrada foi o
da polícia palestina. Um carro do
comboio americano passou em
seguida. Quando passou o terceiro, aconteceu a explosão. Um
quarto carro também foi atingido.
Um buraco foi aberto no asfalto.
O ataque ocorreu horas depois
de os EUA vetarem resolução da
Síria no Conselho de Segurança
da ONU contra a construção de
uma barreira separando Israel da
Cisjordânia. Foram dez votos a favor e quatro abstenções (Reino
Unido, Alemanha, Bulgária e Camarões), além do veto.
Em Israel, a Suprema Corte barrou a expulsão de 15 prisioneiros
palestinos da Cisjordânia detidos
em Israel para a faixa de Gaza.
Com agências internacionais
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