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São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Nenhum dos principais grupos reivindica a ação, a primeira fatal contra os EUA na Intifada; Bush culpa ANP

Atentado mata três americanos em Gaza

DA REDAÇÃO

A explosão de uma bomba detonada por controle remoto atingiu um comboio de veículos diplomáticos dos EUA na faixa de Gaza, matando três agentes de segurança americanos e ferindo um quarto. Esse foi o primeiro ataque fatal a ter como alvo americanos desde a eclosão da Intifada (levante palestino) há três anos.
Nenhum dos principais grupos terroristas palestinos assumiu o atentado. Hamas, Jihad Islâmico e Brigadas dos Mártires de Al Aqsa divulgaram comunicado conjunto afirmando não terem ligação com o ataque. As organizações acrescentaram que os EUA não são alvo de ações. "Nosso único inimigo é Israel."
Um suposto membro de um desconhecido grupo denominado Comitês de Resistência Popular assumiu a ação, segundo a agência de notícias France Presse.
O presidente dos EUA, George W. Bush, culpou a ANP (Autoridade Nacional Palestina) pelo ataque. "As autoridades palestinas deviam ter agido contra o terrorismo de todas as maneiras há muito tempo", afirmou. "O fracasso em levar adiante as reformas e desmantelar grupos terroristas constitui um grande obstáculo para os palestinos alcançarem o seu tão sonhado Estado."
O presidente da ANP, Iasser Arafat, e o premiê palestino, Ahmed Korei, condenaram o ataque e prometeram que os responsáveis serão detidos. "Foi um crime horrendo", afirmou Arafat.
Não estava claro ontem se o comboio atacado foi escolhido como alvo por ser americano. Os veículos eram blindados e tinham placa informando o caráter diplomático. Porém não havia nenhuma indicação de que eram americanos. Um carro da polícia palestina os acompanhava.
Para analistas, se confirmado que a ação visou especificamente os americanos, seria uma mudança no tipo de alvo dos terroristas palestinos. Até agora, civis e militares israelenses são os alvos. Além disso, o ataque deve levar os EUA a serem ainda mais condescendentes com Israel nas ações contra os palestinos.
Pesquisa de opinião divulgada ontem indica que 97% dos palestinos acreditam que os EUA favoreçam Israel.
O ministro da Defesa de Israel, Shaul Mofaz, disse que há "informações concretas" de que a ação de ontem estava dirigida aos americanos. E acrescentou que os responsáveis serão capturados.
O comboio diplomático seguia para encontro na faixa de Gaza com professores palestinos. Seria discutida a concessão de bolsas universitárias. As vítimas, que trabalhavam para uma empresa privada que prestas serviços para o Departamento de Estado, escoltavam os diplomatas.
Ao menos 49 americanos já morreram na Intifada. Porém essas vítimas não foram alvo direto de ataques palestinos. Morreram em atentados terroristas que visavam civis israelenses ou em fogo cruzado. A embaixada pediu que os cerca de 400 americanos que estavam na faixa de Gaza se retirem da área. Diplomatas americanos deixaram a Cisjordânia.
Investigadores do FBI foram enviados à cena do ataque. Ao chegarem, eles foram recebidos a pedradas por jovens palestinos. Cerca de 800 palestinos entoavam gritos de "Deus é grande".
O primeiro carro a passar sobre a bomba colocada na estrada foi o da polícia palestina. Um carro do comboio americano passou em seguida. Quando passou o terceiro, aconteceu a explosão. Um quarto carro também foi atingido. Um buraco foi aberto no asfalto.
O ataque ocorreu horas depois de os EUA vetarem resolução da Síria no Conselho de Segurança da ONU contra a construção de uma barreira separando Israel da Cisjordânia. Foram dez votos a favor e quatro abstenções (Reino Unido, Alemanha, Bulgária e Camarões), além do veto.
Em Israel, a Suprema Corte barrou a expulsão de 15 prisioneiros palestinos da Cisjordânia detidos em Israel para a faixa de Gaza.


Com agências internacionais

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