DA REDAÇÃO

Os EUA, que não conseguiram votar ontem uma proposta de resolução sobre o Iraque no Conselho de Segurança da ONU, estudam a possibilidade de voltar a revisar o documento -já em sua terceira versão- para evitar uma divisão no organismo e obter maior apoio a seus pedidos de colaboração financeira e militar.
A proposta é aprovada se receber 9 dos 15 votos do CS, mas, segundo diplomatas, Washington quer unanimidade. No início da noite, ainda havia negociações.
"Podem ser feitas novas concessões para atrair mais apoio", disse um diplomata no conselho.
O representante da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que só votaria a proposta depois de consultar o presidente Vladimir Putin, que por sua vez aguardava uma teleconferência na manhã de hoje com o presidente francês, Jacques Chirac, e o chanceler alemão, Gerhard Schröder.
Na última versão, os EUA fixaram um prazo até 15 de dezembro para o Conselho de Governo Iraquiano apresentar um cronograma da transição em Bagdá.
Embora tenham elogiado o avanço, França, Alemanha e Rússia submeteram seis emendas ao texto na terça-feira e exigiram um prazo para o fim da ocupação e o maior envolvimento político da ONU. Sem as concessões, os três poderiam se abster.
Em Washington, um funcionário graduado do Departamento de Estado afirmou que algumas mudanças estavam sendo consideradas, mas que elas não seriam fundamentais. O secretário de Estado, Colin Powell, estaria consultando seus colegas de conselho.
"Sabemos que há quem queira mais mudanças. Ouviremos seus pedidos e veremos como lidar com o tema e obter o maior apoio possível", disse o porta-voz do departamento, Richard Boucher.
O objetivo americano é ter a nova resolução antes da conferência de doadores que ocorre na quinta e na sexta-feira da semana que vem em Madri. A Casa Branca pediu ao Congresso dos EUA US$ 20 bilhões para a reconstrução do Iraque e espera obter maior contribuição de outros países.
Ontem, o governo do Japão se comprometeu a doar US$ 1,5 bilhão imediatamente.

Dinheiro iraquiano
Nos bancos iraquianos, começou a troca das notas com a efígie de Saddam Hussein por cédulas fabricadas no Reino Unido. O prazo vai até 15 de janeiro.
As notas, roxas e verdes, trazem a estampa de temas históricos, como as que circulavam no país nos anos 80. A imagem de Saddam passou a ser usada nas cédulas iraquianas após a Guerra do Golfo, em 1991.

Confronto
Um helicóptero militar americano foi atacado em Qaim, perto da fronteira iraquiana com a Síria, na madrugada de terça-feira.
Os soldados reagiram tiros e, segundo o comando americano, "um pequeno número de agressores foi morto ou capturado".
Alvo constante de ataques, as forças dos EUA acusam a Síria de permitir a infiltração de combatentes estrangeiros no Iraque por suas fronteiras.