São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Após atentados na Zona Verde, forças americanas intensificam ofensiva na cidade rebelde; ao menos 5 morrem

EUA prendem mediador da paz em Fallujah

DA REDAÇÃO

Soldados dos EUA prenderam ontem o clérigo Khaled al Jumaili, principal negociador do acordo de paz em Fallujah com o governo do Iraque, e ampliaram os ataques à cidade rebelde, no início do Ramadã, mês sagrado islâmico.
Segundo a agência Associated Press, o clérigo sunita foi preso ao deixar uma mesquita num vilarejo a 16 km ao sul de Fallujah.
O Exército dos EUA não confirmou nem negou a prisão de Jumaili, que liderava uma delegação de Fallujah na negociação de paz que fracassou nesta semana.
Ao menos cinco civis morreram e 11 ficaram feridos em ataques aéreos ontem em Fallujah, como parte de ofensiva americana contra supostos alvos da insurgência.
Segundo testemunhas, outros bombardeios aéreos e por veículos blindados ocorreram durante o dia e os residentes foram proibidos de deixar a cidade.
Em outro incidente de violência, um carro-bomba atingiu uma delegacia de polícia ao sul de Bagdá, matando dez civis -incluindo uma família de quatro pessoas, que passava de carro.
A ofensiva começou um dia após um duplo atentado suicida ter atingido a Zona Verde, a área mais protegida de Bagdá, matando seis civis, incluindo quatro americanos. Os ataques foram assumidos pelo Tawhid e Jihad, grupo liderado pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, que os EUA dizem estar em Fallujah.
O Exército negou que a campanha fosse uma antecipação de um ataque maciço para retomar a cidade. "Isso é parte das operações correntes em Fallujah. Não é o começo de uma ofensiva maior", disse um porta-voz militar.
Segundo o Exército, os ataques atingiram locais "de comando e controle" usados por seguidores de Al Zarqawi, o homem mais procurado pelas tropas americanas no Iraque, para estocar armas e planejar ataques.
Em texto lido ontem nas mesquitas iraquianas, clérigos de Fallujah chamaram os fiéis à desobediência civil em todo o país caso os americanos tentem retomar a cidade. Eles ameaçaram ainda declarar a jihad (guerra santa) contra as forças multinacionais "e os que colaborarem com elas".
O premiê iraquiano, Iyad Allawi, havia ameaçado atacar Fallujah na última quarta-feira a menos que a população entregasse militantes leais a Al Zarqawi. A população nega, porém, qualquer envolvimento com o jordaniano, acusando os EUA de bombardear casas de civis.
Ontem, Washington determinou o congelamento dos ativos de Al Zarqawi nos EUA e designou formalmente como "organização terrorista estrangeira" o Tawhid e Jihad. Ambos foram incluídos em lista do Departamento de Tesouro como "suspeitos terroristas" e "financiadores do terrorismo".
O Reino Unido havia ordenado anteontem a apreensão e o bloqueio de todos os ativos, contas e fundos do Tawhid e Jihad no país.
"O secretário de Estado [Colin Powell] concluiu que há suficientes bases factuais para concluir que existem circunstâncias relevantes para a designação", disse nota do Departamento de Estado.
O jornal "Clarion-Ledger", do Mississippi, publicou que um pelotão de 17 soldados se negou a seguir em comboio de abastecimento a uma base em Taji, ao norte de Bagdá. Os soldados alegaram que os veículos estavam em más condições e que eles não tinham escolta apropriada. O Exército disse que vai investigar o caso.
O premiê polonês, Marek Belka, afirmou ontem que pretende reduzir seu contingente no Iraque, hoje de 2.500 soldados, a partir de janeiro de 2005.
"A Polônia vai discutir reduções posteriores. Asseguro que não permaneceremos no Iraque uma hora a mais do que nos dita a razão", disse Belka.


Com agências internacionais

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