|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE SOB TUTELA
Após atentados na Zona Verde, forças americanas intensificam ofensiva na cidade rebelde; ao menos 5 morrem
EUA prendem mediador da paz em Fallujah
DA REDAÇÃO
Soldados dos EUA prenderam
ontem o clérigo Khaled al Jumaili,
principal negociador do acordo
de paz em Fallujah com o governo
do Iraque, e ampliaram os ataques à cidade rebelde, no início do
Ramadã, mês sagrado islâmico.
Segundo a agência Associated
Press, o clérigo sunita foi preso ao
deixar uma mesquita num vilarejo a 16 km ao sul de Fallujah.
O Exército dos EUA não confirmou nem negou a prisão de Jumaili, que liderava uma delegação
de Fallujah na negociação de paz
que fracassou nesta semana.
Ao menos cinco civis morreram
e 11 ficaram feridos em ataques
aéreos ontem em Fallujah, como
parte de ofensiva americana contra supostos alvos da insurgência.
Segundo testemunhas, outros
bombardeios aéreos e por veículos blindados ocorreram durante
o dia e os residentes foram proibidos de deixar a cidade.
Em outro incidente de violência, um carro-bomba atingiu uma
delegacia de polícia ao sul de Bagdá, matando dez civis -incluindo uma família de quatro pessoas,
que passava de carro.
A ofensiva começou um dia
após um duplo atentado suicida
ter atingido a Zona Verde, a área
mais protegida de Bagdá, matando seis civis, incluindo quatro
americanos. Os ataques foram assumidos pelo Tawhid e Jihad,
grupo liderado pelo jordaniano
Abu Musab al Zarqawi, que os
EUA dizem estar em Fallujah.
O Exército negou que a campanha fosse uma antecipação de um
ataque maciço para retomar a cidade. "Isso é parte das operações
correntes em Fallujah. Não é o começo de uma ofensiva maior",
disse um porta-voz militar.
Segundo o Exército, os ataques
atingiram locais "de comando e
controle" usados por seguidores
de Al Zarqawi, o homem mais
procurado pelas tropas americanas no Iraque, para estocar armas
e planejar ataques.
Em texto lido ontem nas mesquitas iraquianas, clérigos de Fallujah chamaram os fiéis à desobediência civil em todo o país caso os americanos tentem retomar
a cidade. Eles ameaçaram ainda
declarar a jihad (guerra santa)
contra as forças multinacionais "e
os que colaborarem com elas".
O premiê iraquiano, Iyad Allawi, havia ameaçado atacar Fallujah na última quarta-feira a menos que a população entregasse
militantes leais a Al Zarqawi. A
população nega, porém, qualquer
envolvimento com o jordaniano,
acusando os EUA de bombardear
casas de civis.
Ontem, Washington determinou o congelamento dos ativos de
Al Zarqawi nos EUA e designou
formalmente como "organização
terrorista estrangeira" o Tawhid e
Jihad. Ambos foram incluídos em
lista do Departamento de Tesouro como "suspeitos terroristas" e
"financiadores do terrorismo".
O Reino Unido havia ordenado
anteontem a apreensão e o bloqueio de todos os ativos, contas e
fundos do Tawhid e Jihad no país.
"O secretário de Estado [Colin
Powell] concluiu que há suficientes bases factuais para concluir
que existem circunstâncias relevantes para a designação", disse
nota do Departamento de Estado.
O jornal "Clarion-Ledger", do
Mississippi, publicou que um pelotão de 17 soldados se negou a seguir em comboio de abastecimento a uma base em Taji, ao norte de
Bagdá. Os soldados alegaram que
os veículos estavam em más condições e que eles não tinham escolta apropriada. O Exército disse
que vai investigar o caso.
O premiê polonês, Marek Belka,
afirmou ontem que pretende reduzir seu contingente no Iraque,
hoje de 2.500 soldados, a partir de
janeiro de 2005.
"A Polônia vai discutir reduções
posteriores. Asseguro que não
permaneceremos no Iraque uma
hora a mais do que nos dita a razão", disse Belka.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Força brasileira enfrenta pesadelo em favela do Haiti Próximo Texto: Oriente Médio: Israel deixa campos de Gaza depois de mais de cem mortes Índice
|