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Elo entre clima e aquecimento é controverso
DA REDAÇÃO
Um novo relatório sobre o
aquecimento global divulgado na semana passada por
climatologistas da Nasa, a
agência espacial norte-americana, demonstrou que
2005 está a caminho de ser o
ano mais quente de que se
tem registro. Mas a influência do aquecimento global
sobre fenômenos meteorológicos como o Katrina e outros furacões é hoje tema de
intenso debate dentro da comunidade científica.
Contrariando a posição de
muitos ambientalistas, grupos de especialistas em furacões refutam a relação entre
o aumento da temperatura
média do planeta e a intensidade e freqüência dos fenômenos.
Tad Murty, ex-diretor do
Centro Australiano para
Monitoramento de Marés e
editor por 18 anos do "International Journal of Natural
Hazards", publicação especializada em desastres naturais, disse à Folha que desde
outubro de 1979 não há um
novo recorde de intensidade
de furacões. Ele diz que se
baseou em 20 diferentes parâmetros atmosféricos e
oceanográficos para chegar
a essa conclusão.
Segundo o especialista,
considerando furacões e
tempestades tropicais, o
maior número de fenômenos do tipo foi registrado em
1933. "O furacão mais intenso da história ocorreu em
Bangladesh, no ano de 1876,
com ondas de altura máxima de 13,6 metros provocadas pela tempestade. Para
ter uma idéia, o Katrina provocou ondas de no máximo
nove metros", diz.
William Gray, da Universidade do Estado do Colorado, o mais conhecido especialista em furacões nos Estados Unidos, diz que é cético sobre a ligação entre o
aquecimento global e fenômenos meteorológicos.
À rede de TV CNN, ele defendeu a teoria de que os furacões são guiados por ciclos
de altas temperaturas e salinidade que estão afetando
sua intensidade no oceano
Atlântico.
Infra-estrutura
Tad Murty afirma que o
aumento populacional e de
infra-estrutura causa a impressão de que os furacões
estão mais letais do que nunca. "Os gastos com infra-estrutura no século 20 subiram
14 vezes se comparados com
o século anterior. Isso significa que, numa região costeira, onde havia uma casa, no
século seguinte havia 14."
Michael Oppenheimer,
professor do departamento
de geociências da Universidade de Princeton e um dos
maiores críticos da política
ambiental da administração
George W. Bush, é ambíguo
em relação ao tema.
"Não há prova que possa
ligar a intensidade de uma
determinada tempestade ao
aquecimento global. Mas
existem provas de que, na
média, os furacões se intensificaram", declara, em e-mail à Folha.
De acordo com o o Goddard Institute para Estudos
Espaciais da Nasa, a temperatura global neste ano será
0,75C superior à média de
temperaturas de 1950 a 1980.
Segundo os dados, a Terra
está se aquecendo mais no
hemisfério Norte.
Cientistas da Nasa, em
conjunto com pesquisadores da Universidade do Colorado, chegaram à conclusão de que a área da superfície de gelo na região do Ártico diminuiu 1.295.000 km 2
em relação à média de 1979 a
2000.
(SOS)
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