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Polícia de Israel pede indiciamento de presidente por estuproDez mulheres fizeram denúncias contra Moshe Katsav, que vê acusações como "linchamento público sem julgamento"; caso agrava crise no governo
DA REDAÇÃO
A polícia israelense recomendou ontem que o presidente Moshe Katsav seja indiciado
por estupro, assédio sexual
com agravantes e fraude. Caso a
Promotoria acate a recomendação, serão as acusações mais
sérias já registradas contra
uma autoridade israelense ainda no cargo até hoje.
Em uma declaração conjunta, depois de semanas de investigação, a polícia e o Ministério
da Justiça afirmaram que "há
evidências de incidentes, em
que estão envolvidas diversas
mulheres que trabalhavam sob
a sua autoridade, de que o presidente praticou crimes de estupro, assédio sexual com agravantes e atos indecentes sem
consentimento".
A recomendação foi feita por
investigadores da polícia ao
procurador-geral Meni Mazuz,
que deve decidir se as evidências são suficientes para que o
presidente seja indiciado.
A polícia também encontrou
provas para acusar Katsav de
fraude e abuso do cargo no caso
de perdões concedidos pelo
presidente e de grampear telefones ilegalmente.
Katsav negou todas as acusações e disse que é vítima de um
"linchamento público sem julgamento ou investigação". Em
um comunicado, seu advogado,
Zion Amir, declarou que a polícia não tem autoridade legal
para fazer acusações deste tipo.
"Não é a primeira vez que a
polícia recomenda acusar altas
figuras, incluindo premiês, e
essas recomendações têm sido
sempre rechaçadas", afirmou.
O caso é baseado nas acusações de dez mulheres que teriam sofrido abuso ou assédio
sexual por Katsav enquanto
presidente e, antes disso, como
ministro de governo. O presidente pode ser indiciado em até
quatro destes casos -em dois
deles, por estupro. A polícia já
interrogou Katsav e apreendeu
documentos pessoais.
Crise no governo
A investigação começou em
julho, quando uma ex-funcionária o denunciou por forçá-la
a ter relações sexuais sob ameaça de demissão. O presidente,
antes, apresentara uma denúncia de tentativa de extorsão
contra ela. Ontem, entretanto,
a polícia afirmou que não há
provas da chantagem.
Filiado ao partido conservador Likud e presidente desde
2000, Katsav, 61, nasceu no Irã,
é casado e tem cinco filhos. O
caso se soma a uma crise no governo do premiê Ehud Olmert,
sob críticas pelas falhas no recente conflito contra a milícia
xiita Hizbollah, no Líbano.
Mesmo em um país em que
um ex-presidente e vários premiês já foram suspeitos de desvio financeiro e em que, recentemente, um ex-ministro foi
condenado por assédio sexual,
as acusações contra Katsav são
as mais graves até hoje contra
uma autoridade no cargo. Apesar de o presidente em Israel
ter papel cerimonial, ele é tido
como uma força unificadora
em uma sociedade fraturada.
A notícia foi dada no dia anterior à abertura das sessões no
Parlamento, em que o presidente tradicionalmente faz um
discurso. Depois do comunicado da polícia, Katsav disse que
estará presente na cerimônia,
mas que não discursará.
Com agências internacionais
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