São Paulo, terça-feira, 16 de outubro de 2007

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Rice insiste em Estado palestino

Secretária de Estado pede texto "concreto" para reunião de novembro de palestinos com israelenses

Encontro será em Maryland; Rice diz que paz é prioridade para Bush. Olmert fala em ceder só parte de Jerusalém; Abbas quer o setor oriental

DA REDAÇÃO

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, fez ontem um apelo para que a Autoridade Palestina e Israel preparem um documento "concreto" para a conferência de novembro nos Estados Unidos, que abra caminho para a criação de um Estado palestino.
Depois de ser recebida por três horas em Ramallah, Cisjordânia, pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, ela afirmou que o texto deve ser "sério e substancial" e que, mesmo com questões ainda em aberto, deve indicar rumos para a criação de um Estado.
Rice voltou a afirmar que esse projeto "é absolutamente essencial, não apenas para o futuro de palestinos e israelenses, mas para o Oriente Médio".
Disse que o presidente George W. Bush havia transformado "numa das mais altas prioridades de seu governo" uma solução que ponha fim ao conflito entre palestinos e israelenses.
"Precisamos pensar em algo com mais substância que simplesmente convidar dirigentes a Anápolis [Estado de Maryland] para uma sessão de fotografias", afirmou.
Evocou o antigo plano de Bush que prevê, numa primeira etapa, que o lado palestino ponha "fim à violência e ao terrorismo" e o lado israelense cesse a colonização de territórios palestinos ocupados.
Numa alusão à recente decisão de Israel de confiscar terras palestinas próximas a Jerusalém, Rice pediu que as partes envolvidas evitem "qualquer medida que possa comprometer a confiança mútua".

Concessões de Olmert
Abbas disse ter pedido à secretária de Estado para que ajude os palestinos a pôr fim à instalação de novas colônias israelenses em suas terras.
Ainda ontem, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, pela primeira vez disse abertamente que alguns bairros de Jerusalém poderiam passar para o controle palestino.
Essa é uma questão bastante delicada em Israel, onde antigo consenso considera que a cidade deve permanecer unificada e como capital de Israel.
Um dos assessores de Abbas, Nabil Abu Rdeneh, disse que as declarações de Olmert eram insuficientes. Jerusalém Oriental, afirmou, deve ser integralmente devolvida aos palestinos com os seus locais sagrados.
A devolução de parte da cidade foi evocada há seis anos pelo então premiê israelense Ehud Barak, no bojo de um plano de paz que fracassou. O jornal "Yediot Ahronot" publicou na semana passada pesquisa pela qual 63% dos israelenses se opõem a concessões em Jerusalém, que seriam apoiadas só por 21%. O próprio Olmert, prefeito da cidade por dez anos, recuou de sua antiga posição de manter a cidade sob controle integral de Israel.

Negociações
O gabinete israelense indicou como chefe das negociações a chanceler Tzipi Livni, que se opõe a fechar imediatamente compromissos e, a exemplo de Olmert, não quer um cronograma previamente definido para as concessões territoriais de seu país.
A Casa Branca está também empenhada em fazer com que a Arábia Saudita participe da conferência de Maryland.
Olmert está fragilizado em Israel, o mesmo valendo para Bush nos Estados Unidos. Abbas, por sua vez, também é fraco porque só controla uma parte do território palestino, já que Gaza está nas mãos do grupo radical islâmico Hamas.


Com agências internacionais


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