São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2011

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Republicanos tomam bênção de eleitorado conservador em feira

Entre bancas antiaborto e pró-armas, candidatos que tentam bater Obama buscam respaldo de alas à direita

Numa eleição que promete ser polarizada, conservadores tendem a comparecer em um maior número em 2012

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

A poucos passos do estande que vende camisetas e bottons com dizeres como "Antiaborto, pró-armas, direitista e cristão, e daí?" um panfleto promete a suposta conversão: "É OK ser ex-gay".
Adiante, assinaturas são colhidas para exigir do governo o fim do financiamento ao planejamento familiar. Do outro lado do corredor, defensores da Ciência Criacionista explicam suas teses.
Entre as banquinhas, circulam sujeitos paramentados como americanos do século 18, peruca inclusa, e casais com crianças que esperam pelo Jantar de Gala da Fé, Família e Liberdade.
Estamos na Cúpula dos Eleitores pelos Valores Morais, que teve sua sexta edição anual na semana passada, em Washington.
À primeira vista, o circo em um grande hotel parece uma coleção de grupos radicais que atrai uma parcela marginal do eleitorado. Com o acirramento da polarização eleitoral nos EUA e o espectro político recalibrado para a direita, porém, ele se tornou uma escala inevitável para os pré-candidatos republicanos.
Neste ano, 7 dos 8 possíveis adversários de Barack Obama que pontuam nas pesquisas discursaram ali (a exceção foi Jon Huntsman). "Com uma lutadora na Casa Branca, finalmente venceremos em questões como aborto, casamento, família e liberdade religiosa", disse Michele Bachmann, deputada.
Sem a ex-governadora do Alasca Sarah Palin na disputa, a direita cristã ainda não se comprometeu com nenhum candidato.
Bachmann foi recebida aos gritos de "te amamos". O empresário Herman Cain, novo líder das pesquisas, foi o mais aplaudido. Já o governador do Texas, Rick Perry, corteja esse público como um bote salva-vidas para sua campanha, enquanto Mitt Romney, favorito entre os moderados, tenta contornar a rejeição ao fato de ser mórmon.
Com isso em vista, parábolas envolvendo Deus e profissões de fé não faltaram em nenhum dos discursos à cobiçada plateia de cerca de mil pessoas que pagou US$ 99 (R$ 174) para estar ali.
Segundo a pesquisa mais recente do Gallup, feita no meio do ano, apenas 4% do eleitorado coloca as questões comportamentais e morais como sua maior prioridade na hora de votar.
O poder do grupo, porém, não se ampara em números, mas nos decibéis de uma mensagem amplificada por radialistas conservadores e na exposição na mídia que a polêmica lhe garante.
Além disso, em um país onde o voto não é obrigatório, a história mostra que eleitores que defendem uma certa causa com afinco têm mais motivação (portanto, probabilidade) de irem às urnas.


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