São Paulo, quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Congresso hondurenho cria grupo para analisar anistia

Presidente eleito quer medida para reverter isolamento internacional de Honduras

Em reunião com Roberto Micheletti, Lobo dá início à transição; golpista reitera, porém, que não renunciará à Presidência antes da posse


DA REDAÇÃO

O Congresso de Honduras instalou ontem comissão para discutir a proposta de conceder anistia ampla para os envolvidos no golpe contra Manuel Zelaya, em 28 de junho.
O anúncio foi feito pelo presidente do Legislativo, José Alfredo Saavedra, horas depois de o presidente eleito do país, Porfirio Lobo, afirmar que faria uma ofensiva na Casa para a aprovar a medida.
Lobo já havia manifestado a intenção na semana passada, durante visita à Costa Rica, para obter apoio interno a seu governo e reverter o isolamento internacional que afeta o país desde a deposição de Zelaya.
Saavedra disse que promoverá um grande debate sobre a anistia que está "imposta a partir do exterior". A comissão de seis integrantes deve produzir um relatório que irá a votação.
Para vingar, a proposta precisará da aprovação do Congresso, que, na próxima legislatura, terá maioria do PN (Partido Nacional), de Lobo. Hoje, o Congresso é dominado pelo PL (Partido Liberal), sigla do deposto e do chefe do governo golpista, Roberto Micheletti.
A eventual anistia teria como principal beneficiário o próprio Zelaya -acusado na Justiça por 18 crimes políticos envolvendo sua tentativa de promover uma Assembleia Constituinte considerada ilegal pelo Congresso e pela Suprema Corte-, mas absolveria Micheletti e outros ligados ao golpe.
Lobo já havia dito que deseja ver implementados pontos pendentes do acordo assinado entre Zelaya e Micheletti sob a mediação americana em outubro -que não incluía anistia.
Anteontem, o eleito foi recebido por Micheletti na Casa Presidencial -sua primeira visita desde a eleição do dia 29-, para tratar da transição à sua posse, em 27 de janeiro.
Segundo relatos de participantes, Micheletti e Lobo falaram sobre medidas previstas no pacto e não implementadas, como a formação de um gabinete de unidade e a criação de uma comissão da verdade.
No entanto, a mais polêmica delas, a renúncia de Micheletti antes da posse de Lobo, não foi abordada, segundo o porta-voz golpista. E, ontem, o interino reiterou que não renunciará ao cargo antes da posse do eleito.
"Ainda que o mundo me peça, ainda que os países que, de modo intransigente e sem justificativas, nos veem com ódio peçam, ainda assim não o farei", disse ele à rádio HRN.
"Fui eleito pelo Congresso, e só quem pode me destituir é o próprio Congresso Nacional", complementou Micheletti, referindo-se à rejeição pela Casa da volta de Zelaya em votação -prevista no acordo de 30 de outubro- realizada no dia 2.
Zelaya foi deposto por militares sob ordem da Suprema Corte e enviado para a Costa Rica. Ele voltaria a Honduras em 21 de setembro, tendo se abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa -onde está até hoje.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Argentina: Enviado dos EUA se reúne com governo Cristina
Próximo Texto: Chile celebra adesão a "grupo dos ricos"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.