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Congresso hondurenho cria grupo para analisar anistia
Presidente eleito quer medida para reverter isolamento internacional de Honduras
Em reunião com Roberto Micheletti, Lobo dá início à transição; golpista reitera, porém, que não renunciará à Presidência antes da posse
DA REDAÇÃO
O Congresso de Honduras
instalou ontem comissão para
discutir a proposta de conceder
anistia ampla para os envolvidos no golpe contra Manuel Zelaya, em 28 de junho.
O anúncio foi feito pelo presidente do Legislativo, José Alfredo Saavedra, horas depois de
o presidente eleito do país, Porfirio Lobo, afirmar que faria
uma ofensiva na Casa para a
aprovar a medida.
Lobo já havia manifestado a
intenção na semana passada,
durante visita à Costa Rica, para obter apoio interno a seu governo e reverter o isolamento
internacional que afeta o país
desde a deposição de Zelaya.
Saavedra disse que promoverá um grande debate sobre a
anistia que está "imposta a partir do exterior". A comissão de
seis integrantes deve produzir
um relatório que irá a votação.
Para vingar, a proposta precisará da aprovação do Congresso, que, na próxima legislatura,
terá maioria do PN (Partido
Nacional), de Lobo. Hoje, o
Congresso é dominado pelo PL
(Partido Liberal), sigla do deposto e do chefe do governo
golpista, Roberto Micheletti.
A eventual anistia teria como
principal beneficiário o próprio
Zelaya -acusado na Justiça
por 18 crimes políticos envolvendo sua tentativa de promover uma Assembleia Constituinte considerada ilegal pelo
Congresso e pela Suprema Corte-, mas absolveria Micheletti
e outros ligados ao golpe.
Lobo já havia dito que deseja
ver implementados pontos
pendentes do acordo assinado
entre Zelaya e Micheletti sob a
mediação americana em outubro -que não incluía anistia.
Anteontem, o eleito foi recebido por Micheletti na Casa
Presidencial -sua primeira visita desde a eleição do dia 29-,
para tratar da transição à sua
posse, em 27 de janeiro.
Segundo relatos de participantes, Micheletti e Lobo falaram sobre medidas previstas
no pacto e não implementadas,
como a formação de um gabinete de unidade e a criação de
uma comissão da verdade.
No entanto, a mais polêmica
delas, a renúncia de Micheletti
antes da posse de Lobo, não foi
abordada, segundo o porta-voz
golpista. E, ontem, o interino
reiterou que não renunciará ao
cargo antes da posse do eleito.
"Ainda que o mundo me peça, ainda que os países que, de
modo intransigente e sem justificativas, nos veem com ódio
peçam, ainda assim não o farei", disse ele à rádio HRN.
"Fui eleito pelo Congresso, e
só quem pode me destituir é o
próprio Congresso Nacional",
complementou Micheletti, referindo-se à rejeição pela Casa
da volta de Zelaya em votação
-prevista no acordo de 30 de
outubro- realizada no dia 2.
Zelaya foi deposto por militares sob ordem da Suprema Corte e enviado para a Costa Rica.
Ele voltaria a Honduras em 21
de setembro, tendo se abrigado
na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa -onde está até hoje.
Com agências internacionais
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