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Chile celebra adesão a "grupo dos ricos"
Dois dias após revés eleitoral, governo comemora convite da OCDE, organização de países desenvolvidos
Ingresso é reconhecimento a 20 anos de estabilidade econômica; Brasil não faz parte do grupo por nunca
ter feito requisição formal
DA REDAÇÃO
Apenas dois dias após sofrer
nas urnas um importante revés
eleitoral, o governo do Chile teve ontem o primeiro motivo de
comemoração, com ainda um
mês de campanha pela frente
antes do segundo turno: recebeu oficialmente o convite para
ser o primeiro país da América
do Sul a integrar a OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico).
A distinção foi celebrada por
Santiago como reconhecimento aos 20 anos de estabilidade
econômica e política, que tem
como maior fiadora a Concertação, coalizão de centro-esquerda que governa o Chile
desde o fim da ditadura Augusto Pinochet (1973-1990).
Em cerimônia na sede da
OCDE, em Paris, o ministro da
Fazenda chileno, Andrés Velasco, obteve do secretário-geral
Angel Gurría a formalização do
termo de adesão ao grupo dos
países desenvolvidos -que
precisa da ratificação da presidente Michelle Bachelet e do
aval do Congresso chileno.
"Podemos legitimamente
nos sentir orgulhosos, embora
também humildes, e assumir
essa conquista como uma grande oportunidade para integrar
[esse] grupo de países", disse
Bachelet. "Não se trata de que
sejamos ricos, mas sim de que
nós aspiramos a continuar
crescendo juntos e convocando
todos a um projeto nacional."
"A entrada do Chile é uma
demonstração palpável de como um país pequeno, aberto,
submetido aos embates da crise
[global] como todos os outros,
pôde resistir melhor do que o
esperado por ter boas políticas
públicas e leva a cabo exitoso
processo de reforma", disse o
secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, ao fazer o convite.
O processo de adesão do Chile teve início em 2007 e foi "rápido e fluido", segundo Gurría,
tendo sido finalizado antes dos
países inicialmente ao seu lado
-Israel, Estônia, Rússia e Eslovênia. A oficialização da entrada deverá ser feita no dia 11 de
janeiro, só seis dias antes da
realização do segundo turno.
O ministro da Fazenda chileno, Andrés Velasco, destacou
ainda que a entrada no grupo é
importante para o Chile porque
"a OCDE é, antes de tudo, uma
associação de democracias".
Além de primeiro país sul-americano a fazer parte da organização, o Chile se torna ainda apenas o segundo da América Latina, depois do México -e
31º no total. O Brasil mantém
"compromisso reforçado" com
a OCDE, mas nunca requisitou
adesão formal, sobretudo para
preservar a liderança entre os
países em desenvolvimento.
O ingresso na OCDE deve se
tornar um novo trunfo da Concertação para tentar eleger o
ex-presidente (1994-99) e candidato governista Eduardo Frei
na disputa com Sebastián Piñera (centro-direita) na eleição.
No primeiro turno, Piñera
obteve 44% dos votos -a primeira vitória, ainda que parcial,
da direita desde 1958-, contra
29% de Frei, que, se eleito,
cumprirá o quinto mandato seguido da coalizão governista.
Ambos disputam agora os votos do terceiro colocado, o independente Marco Enríquez-Ominami, que obteve 20% dos
votos e não declarou apoio.
Com agências internacionais
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