São Paulo, quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

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Chile celebra adesão a "grupo dos ricos"

Dois dias após revés eleitoral, governo comemora convite da OCDE, organização de países desenvolvidos

Ingresso é reconhecimento a 20 anos de estabilidade econômica; Brasil não faz parte do grupo por nunca ter feito requisição formal


DA REDAÇÃO

Apenas dois dias após sofrer nas urnas um importante revés eleitoral, o governo do Chile teve ontem o primeiro motivo de comemoração, com ainda um mês de campanha pela frente antes do segundo turno: recebeu oficialmente o convite para ser o primeiro país da América do Sul a integrar a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
A distinção foi celebrada por Santiago como reconhecimento aos 20 anos de estabilidade econômica e política, que tem como maior fiadora a Concertação, coalizão de centro-esquerda que governa o Chile desde o fim da ditadura Augusto Pinochet (1973-1990).
Em cerimônia na sede da OCDE, em Paris, o ministro da Fazenda chileno, Andrés Velasco, obteve do secretário-geral Angel Gurría a formalização do termo de adesão ao grupo dos países desenvolvidos -que precisa da ratificação da presidente Michelle Bachelet e do aval do Congresso chileno.
"Podemos legitimamente nos sentir orgulhosos, embora também humildes, e assumir essa conquista como uma grande oportunidade para integrar [esse] grupo de países", disse Bachelet. "Não se trata de que sejamos ricos, mas sim de que nós aspiramos a continuar crescendo juntos e convocando todos a um projeto nacional."
"A entrada do Chile é uma demonstração palpável de como um país pequeno, aberto, submetido aos embates da crise [global] como todos os outros, pôde resistir melhor do que o esperado por ter boas políticas públicas e leva a cabo exitoso processo de reforma", disse o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, ao fazer o convite.
O processo de adesão do Chile teve início em 2007 e foi "rápido e fluido", segundo Gurría, tendo sido finalizado antes dos países inicialmente ao seu lado -Israel, Estônia, Rússia e Eslovênia. A oficialização da entrada deverá ser feita no dia 11 de janeiro, só seis dias antes da realização do segundo turno.
O ministro da Fazenda chileno, Andrés Velasco, destacou ainda que a entrada no grupo é importante para o Chile porque "a OCDE é, antes de tudo, uma associação de democracias".
Além de primeiro país sul-americano a fazer parte da organização, o Chile se torna ainda apenas o segundo da América Latina, depois do México -e 31º no total. O Brasil mantém "compromisso reforçado" com a OCDE, mas nunca requisitou adesão formal, sobretudo para preservar a liderança entre os países em desenvolvimento.
O ingresso na OCDE deve se tornar um novo trunfo da Concertação para tentar eleger o ex-presidente (1994-99) e candidato governista Eduardo Frei na disputa com Sebastián Piñera (centro-direita) na eleição.
No primeiro turno, Piñera obteve 44% dos votos -a primeira vitória, ainda que parcial, da direita desde 1958-, contra 29% de Frei, que, se eleito, cumprirá o quinto mandato seguido da coalizão governista.
Ambos disputam agora os votos do terceiro colocado, o independente Marco Enríquez-Ominami, que obteve 20% dos votos e não declarou apoio.

Com agências internacionais



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