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ORIENTE MÉDIO
Xeque Ahmed Yassin diz buscar o "martírio" após membro do governo afirmar que ele está "marcado para morrer"
Israel ameaça matar fundador do Hamas
DA REDAÇÃO
O fundador do grupo terrorista
palestino Hamas, xeque Ahmed
Yassin, está "marcado para morrer", disse ontem o vice-ministro
da Defesa israelense, Zeev Boim.
O Hamas, responsável pela
maioria dos ataques contra Israel,
assumiu a autoria de um atentado
na última quarta-feira, que matou
quatro israelenses. Foi a primeira
vez que o grupo utilizou uma mulher-bomba -mãe de duas crianças de menos de quatro anos de
idade- em um atentado suicida.
"Ele [Yassin] deveria se esconder bem fundo no subterrâneo,
onde não saberá a diferença entre
o dia e a noite. Mas nós o encontraremos e o eliminaremos", disse
Boim à rádio militar de Israel.
Não houve reação por parte do
premiê de Israel, Ariel Sharon.
Após a ameaça, Yassin, que é tetraplégico, apareceu em público,
percorrendo, em cadeira de rodas, o caminho entre a sua casa e
uma mesquita, na Cidade de Gaza. "Digo a eles que não tememos
ameaças de morte. Nós buscamos
o martírio", disse. "Não cederemos à pressão, a resistência continuará até que a ocupação [israelense] seja destruída", afirmou.
Israel afirma que a perseguição
e a morte de líderes terroristas são
ações em legítima defesa, rejeitando apelos internacionais contra
esse tipo de ação.
"A União Européia já se manifestou contra os chamados assassinatos extrajudiciais de suspeitos
de terrorismo", afirmou Diego
Ojeda, porta-voz da UE.
Em Washington, o porta-voz do
Departamento de Estado, Richard Boucher, disse que Israel
tem o direito de se defender, mas
deve considerar as consequências
de suas ações.
"Uma escalada da política israelense de assassinatos levará a um
aprofundamento do ciclo de violência", afirmou o palestino Saeb
Erekat, liderança moderada da
Autoridade Nacional Palestina.
Yassin, 65, fundou o Hamas em
1987. Ele é considerado seu líder
religioso e político, mas busca se
distanciar do braço militar da organização. Passou anos detido
por Israel e, em setembro último,
escapou, com um ferimento na
mão, ao bombardeio de um prédio em que se encontrava.
Segundo funcionários de inteligência israelenses, o xeque teria
aprovado pessoalmente o atentado da última quarta-feira. Também teria emitido um decreto religioso autorizando mulheres a
realizar atentados suicidas. Anteriormente, o Hamas recrutava
apenas homens-bombas.
Na quarta-feira, após o ataque
terrorista, autoridades israelenses
se reuniram e, segundo fontes, decidiram retomar a perseguição a
líderes do Hamas, após um período de relativa trégua.
No ano passado, Israel lançou
uma série de ataques contra líderes do Hamas e de outros grupos
terroristas, em geral alvejando
seus carros com mísseis disparados de helicópteros. Em alguns
casos, civis foram atingidos.
Israel tem uma longa história de
perseguição a palestinos acusados
de envolvimento em ataques contra o país. Nos anos 1970 e 1980,
agentes israelenses perseguiram e
mataram responsáveis pelo sequestro de atletas israelenses na
Olimpíada de Munique (1972).
Com agências internacionais
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