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"CRIME ARQUEOLÓGICO"
Museu Britânico acusa militares de esmagar tijolos de 2.600 anos e usar relíquias para fazer trincheiras
Tropas danificam Babilônia, diz relatório
DA REDAÇÃO
Forças militares lideradas pelos
Estados Unidos estão cometendo
verdadeiros "crimes arqueológicos" no Iraque. A acusação é do
Museu Britânico, que acaba de divulgar um relatório sobre a situação na Babilônia.
De acordo com o relatório, tanques esmagaram parte da pavimentação da cidade, feita com tijolos de 2.600 anos, e soldados
usaram o solo rico em fragmentos
arqueológicos para encher sacos
de areia. Babilônia está sob os cuidados do destacamento polonês,
que nega ter provocado estragos.
Um porta-voz do Ministério da
Defesa da Polônia, coronel Piotr
Pertek, disse que as tropas polonesas são acompanhadas por arqueólogos e por autoridades iraquianas. "Nem os poloneses nem
soldados de nenhum outro país
sob comando da força internacional liderada pela Polônia jamais
desempenharam tarefas que arruinariam os monumentos", afirmou o coronel, em Varsóvia.
Embora também negasse a responsabilidade de suas tropas, o
porta-voz militar da Polônia no
Iraque, Artur Domanski, disse
que a presença de tropas estrangeiras no sítio arqueológico "tem
uma influência negativa".
O estudo do Museu Britânico,
assinado por John Curtis, curador
do Departamento de Oriente Médio da instituição, traz descrições
detalhadas dos estragos. Segundo
ele, imagens de dragões nos tijolos que compõem as fundações da
famosa Porta de Ishtar foram danificadas por alguém que tentou
arrancá-las à força.
Curtis também diz que foram
cavadas trincheiras no local em
que existiam depósitos. Fragmentos arqueológicos ficaram espalhados pelo local, incluindo tabletes de barro com o selo de Nabucodonosor (c. 1119 a.C.-1098 a.C.)
"Isso é o mesmo que estabelecer
um acampamento militar em torno da Grande Pirâmide, no Egito", escreveu o arqueólogo.
Curtis, que foi convidado pelos
iraquianos para estudar o sítio,
também descobriu que grandes
quantidades de areia misturada
com fragmentos arqueológicos
foram retiradas do local para encher sacos para uso militar.
Domanski, o porta-voz militar
dos poloneses no Iraque, tem um
diagnóstico menos catastrófico.
Concordou que um levantamento fotográfico revelou a falta de
certas peças arqueológicas. Mas
negou que soldados de seu país
fossem responsáveis.
O ministro da Cultura do Iraque, Mufid al Jazairi, concorda
com a versão de Curtis. Disse que
tropas da coalizão na Babilônia
usam "veículos blindados e helicópteros que levantam e pousam
livremente". Além disso, as forças
também ergueram instalações e
promoveram outras mudanças.
"Minha expectativa é a de que o
sítio arqueológico da Babilônia
tenha sofrido danos generalizados, mas eu não sei exatamente o
tamanho dos estragos."
Os remanescentes da Babilônia,
um dos sítios arqueológicos mais
importantes do mundo, foram
ocupados desde os primeiros dias
da invasão pelos marines norte-americanos. Mais recentemente,
estão sob controle polonês. Ficam
a 88 km ao sul de Bagdá.
Os sítios mais importantes, a
Porta de Ishtar e as ruínas dos palácio de Nabucodonosor, ficam
em uma área separada do perímetro do acampamento. Ela é controlada por iraquianos. Visitantes
pagantes são admitidos.
Militares norte-americanos disseram que todas as movimentações de terra foram interrompidas e que pensam em enviar tropas para proteger as ruínas.
Em seu relatório, Curtis admite
que, inicialmente, a presença de
tropas serviu para inibir saqueadores, mas o trabalho subseqüente trouxe importantes danos, como a decisão de cobrir vastas
áreas do sítio com pedras trazidas
de outras áreas para fazer estacionamentos e bases de pouso e vazamento de combustível perto do
anfiteatro grego.
Por mais de mil anos, a Babilônia foi uma das cidades mais importantes do mundo. Nela, Nabucodonosor 2º (c. 605 a.C.-561 a.C.)
mandou construir os Jardins Suspensos, uma das Sete Maravilhas
do Mundo. Ela começou a declinar depois que foi conquistada
pelos persas, sob Ciro, o Grande,
por volta de 538 a.C.
Com agências internacionais
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