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Oposição reinicia protestos no Quênia
Manifestantes querem anular pleito presidencial, marcado por fraudes; teme-se nova onda de violência
DA REDAÇÃO
Centenas de quenianos desafiaram ontem a proibição do
governo e a repressão policial
em protestos contra o presidente Mwai Kibaki, reeleito em
um pleito marcado por irregularidades. Gás lacrimogêneo e
tiros foram usados para dispersar os manifestantes, matando
ao menos duas pessoas.
"Estava tão cheio, o espaço
era muito apertado. Eu estava
tentando escapar e levei uma
bala na perna", afirmou, do
hospital, Oscar Junior, 18, um
dos três -ou mais- baleados
em Kibera, favela em Nairóbi.
Imagens exibidas pela rede de
TV queniana KTN mostram
um policial atirando em um rapaz, aparentemente desarmado, e chutando o ferido.
Foi apenas o primeiro dos
três dias de protestos convocados por Raila Odinga, líder do
Movimento Democrático Laranja e candidato derrotado à
Presidência. A oposição alega
irregularidades na apuração e
exige o cancelamento do pleito
-que, segundo observadores
internacionais, foi fraudado pelos governistas. O partido de
Odinga conquistou, no mesmo
dia, 95 vagas no Parlamento,
contra 43 da legenda de Kibaki.
Teme-se um recrudescimento dos conflitos étnicos que tomaram o país após o anúncio
do vitória de Kibaki. Manifestantes pró-Odinga voltaram-se
contra os kikuyus, clã de Kibaki, acusados de monopolizar o
poder. Cerca de 600 pessoas
morreram e 250 mil fugiram da
violência.
Nação mais próspera da África Oriental e até então uma das
mais estáveis, o Quênia se viu
cercado pelo espectro de uma
guerra étnica. A situação acalmou-se com a perspectiva
-frustrada- de formação de
um governo de coalizão e a tentativa de mediação da União
Africana, mas ainda é volátil.
Um conflito prolongado no
Quênia pode ser devastador para a região. Umas das três sedes
internacionais da ONU, o país
funciona como base para programas de assistência humanitária em nações vizinhas -algumas das quais, como Uganda
e Ruanda, são altamente dependentes dos portos quenianos. Ontem, parlamentares da
União Européia pediram que o
bloco interrompa o auxílio ao
país, para pressionar o governo
a dialogar com a oposição.
Com agências internacionais
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