São Paulo, quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

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Oposição reinicia protestos no Quênia

Manifestantes querem anular pleito presidencial, marcado por fraudes; teme-se nova onda de violência

DA REDAÇÃO

Centenas de quenianos desafiaram ontem a proibição do governo e a repressão policial em protestos contra o presidente Mwai Kibaki, reeleito em um pleito marcado por irregularidades. Gás lacrimogêneo e tiros foram usados para dispersar os manifestantes, matando ao menos duas pessoas.
"Estava tão cheio, o espaço era muito apertado. Eu estava tentando escapar e levei uma bala na perna", afirmou, do hospital, Oscar Junior, 18, um dos três -ou mais- baleados em Kibera, favela em Nairóbi. Imagens exibidas pela rede de TV queniana KTN mostram um policial atirando em um rapaz, aparentemente desarmado, e chutando o ferido.
Foi apenas o primeiro dos três dias de protestos convocados por Raila Odinga, líder do Movimento Democrático Laranja e candidato derrotado à Presidência. A oposição alega irregularidades na apuração e exige o cancelamento do pleito -que, segundo observadores internacionais, foi fraudado pelos governistas. O partido de Odinga conquistou, no mesmo dia, 95 vagas no Parlamento, contra 43 da legenda de Kibaki.
Teme-se um recrudescimento dos conflitos étnicos que tomaram o país após o anúncio do vitória de Kibaki. Manifestantes pró-Odinga voltaram-se contra os kikuyus, clã de Kibaki, acusados de monopolizar o poder. Cerca de 600 pessoas morreram e 250 mil fugiram da violência.
Nação mais próspera da África Oriental e até então uma das mais estáveis, o Quênia se viu cercado pelo espectro de uma guerra étnica. A situação acalmou-se com a perspectiva -frustrada- de formação de um governo de coalizão e a tentativa de mediação da União Africana, mas ainda é volátil.
Um conflito prolongado no Quênia pode ser devastador para a região. Umas das três sedes internacionais da ONU, o país funciona como base para programas de assistência humanitária em nações vizinhas -algumas das quais, como Uganda e Ruanda, são altamente dependentes dos portos quenianos. Ontem, parlamentares da União Européia pediram que o bloco interrompa o auxílio ao país, para pressionar o governo a dialogar com a oposição.


Com agências internacionais


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