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HAITI EM RUÍNAS
Exército continua mais cinco anos no Haiti, afirma Jobim
Ministro diz que é "impossível" saída antes desse prazo e
defende que Minustah se volte para a reconstrução do país
Ministério da Defesa admite
a possibilidade de aumentar
o número de militares do
Brasil no país caribenho,
atualmente de 1.266 homens
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
FÁBIO ZANINI
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A destruição no Haiti deve
manter por no mínimo mais
cinco anos a presença de tropas
brasileiras no país, afirmou ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Para ele, a Minustah (Missão das Nações Unidas
para a Estabilização do Haiti)
precisa ter seu orçamento e foco de ação ampliados para
manter a paz no local.
Ele considera "impossível" a
saída antes desse prazo.
Jobim reivindicou ainda que
a gerência dos recursos obtidos
com doações seja entregue à
missão. "[A ajuda] tem de ser
multilateral, conduzida e coordenada por autoridades haitianas e da Minustah."
O ministro disse que pediu ao
presidente do Haiti, René Préval, que definisse uma autoridade para coordenar o uso e o
pedido de ajuda e doações. Jobim defende que a Minustah
participe do planejamento.
"Senão chegam todos esses
auxílios individualizados que
acabam se sobrepondo e sendo
inúteis. Ouvimos falar em não
sei quanto de doações para o
Haiti. Acontece que isso nunca
aparece ou aparece com muita
dificuldade, porque os haitianos não têm gestores. Essa gestão deve ser feita via ONU. Não
pode ser feita exclusivamente
por ONGs, mas também por
quem tem condição de reconstruir o país", afirmou.
O ministro disse que a manutenção da paz no Haiti depende
da ampliação do mandato da
Minustah. O atual concedido
pela ONU encerra-se em 2011.
Atualmente, o orçamento da
tropa só pode ser gasto em
ações para manutenção da ordem. Obras civis como pontes e
reformas só são autorizadas caso sejam necessárias para deslocamento e uso da tropa.
Jobim afirmou que vai sugerir esta semana ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e ao
chanceler Celso Amorim a ampliação desse foco. "A manutenção da paz depende da reconstrução do país. Precisamos
caminhar para a possibilidade
de termos uma atividade real."
Mais soldados
Um dia após o anúncio pelo
governo americano do envio de
10 mil militares ao Haiti -atitude chamada de "unilateral"
pelo Brasil-, o Ministério da
Defesa confirmou que está planejando também aumentar o
efetivo brasileiro da Minustah,
atualmente de 1.266 homens.
"Com relação ao incremento
da força militar, a Defesa trabalha com essa possibilidade. Estamos nos planejando para a
ocorrência desse evento", afirmou o contra-almirante Paulo
Zuccaro, representante da Defesa no grupo montado pelo governo para coordenar a resposta ao terremoto.
Ele não quis adiantar o número de militares e quando eles
poderiam ser enviados. "Vai
depender muito do que a situação exigir no terreno, das informações que vamos continuar
recebendo nos próximos dias."
Zuccaro falou à imprensa
após reunião do grupo de crise,
ao lado do ministro Jorge Felix
(Gabinete de Segurança Institucional), e do embaixador Antônio Simões, do Itamaraty.
O Brabatt (Comando do Batalhão Brasileiro) no Haiti intensificou as patrulhas em Porto Príncipe para evitar violência, diz nota do Exército divulgada ontem.
Segundo o Brabatt, 800 homens estão nas ruas para evitar
que a falta de segurança se
agrave. Há saques a supermercados, e presos escaparam da
cadeia na capital. Na operação,
não está descartado o uso de armas letais.
Ajuda
Além da segurança, há preocupação com alimentação e
medicamentos. Um avião da
FAB decolou ontem da base aérea do Galeão, no Rio, levando
5,3 toneladas de medicamentos, 3,1 de mantimentos, 8,8 de
fardamento, roupas de cama e
20 barracas.
A missão ainda levou 18 caixões para trazer os corpos dos
militares brasileiros mortos.
Há 14 com morte confirmada e
quatro desaparecidos. Os corpos devem chegar ao Brasil nos
próximos dias.
A FAB informou ontem que,
desde o terremoto, oito aviões
já pousaram em Porto Príncipe
levando 140 passageiros e mais
de 80 toneladas de medicamentos, alimentos e suprimentos para o Exército.
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