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ELEIÇÃO NOS EUA
Assessor diz que ex-governador democrata deve apoiar Kerry, favorito em primária hoje em Wisconsin
Dean perde o seu chefe de campanha
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WISCONSIN
A campanha do pré-candidato
democrata Howard Dean mergulhou ontem em uma nova crise
com a demissão de seu gerente
nacional, Steve Grossman, na véspera da primária de Wisconsin,
na qual o senador John Kerry é
mais uma vez o grande favorito.
A saída de Grossman ocorreu
um dia depois de ele ter declarado
que o ex-governador de Vermont
deveria anunciar seu apoio a
Kerry caso fosse derrotado em
Wisconsin hoje.
"Tenho certeza que ele [Dean]
vai apoiar o indicado, e é óbvio
que esse nome parece ser o de
Kerry. Dean deve fazer isso na terça [hoje] à noite ou esperar até
quarta ou quinta", disse Grossman antes da demissão.
O anúncio da saída foi feito pelo
próprio Dean. "Não me sinto traído. Mas, daqui em diante, eu respondo pela minha campanha",
afirmou o pré-candidato, sem explicar se tomou a iniciativa de demitir Grossman, que é amigo pessoal de John Kerry há mais de 34
anos.
Dean vem sendo pressionado
por toda a cúpula do Partido Democrata a abandonar a corrida
eleitoral caso seja derrotado hoje
em Wisconsin. Há alguns dias, o
pré-candidato prometeu que sairia da disputa após um fracasso
no Estado, mas acabou voltando
atrás da declaração.
As últimas pesquisas em Wisconsin mostram Kerry com 47%
das intenções de voto. Dean aparece com 23%. O senador pela Carolina do Norte, John Edwards,
tem 20%.
Cerca de 1,6 milhão de pessoas
devem votar hoje para escolher 72
delegados do partido. Além da
primária democrata, serão realizados também um referendo sobre a legalização do jogo no Estado e uma prévia para a eleição do
prefeito da capital, Milwaukee.
Até agora, Kerry venceu 14 das
16 prévias disputadas rumo à eleição presidencial de novembro.
Dean, que não teve nenhuma vitória, considera agora duas opções: abandonar a corrida a partir
desta semana ou enxugar a estrutura de sua campanha e esperar
até a chamada ""super-terça", em
2 de março, quando dez Estados
fazem suas prévias no mesmo dia.
Os resultados da ""super-terça"
também serão determinantes para John Edwards. Ele venceu apenas uma prévia, na Carolina do
Sul, durante a atual pré-campanha democrata que oficializará
em julho o nome do partido para
concorrer contra o republicano
George W. Bush.
Ataque a Bush
Ontem, apesar do novo revés,
Dean manteve sua agenda de candidato e dirigiu ataques contra o
presidente, que também foi criticado por Kerry.
O senador por Massachusetts
ridicularizou Bush por ter participado da largada, no domingo, de
uma corrida de automóveis na
Flórida que atraiu mais de 180 mil
pessoas.
"Não precisamos de um presidente que diga: "Senhores, dêem
partida em seus motores". Precisamos de alguém que ponha a
economia para andar e criar empregos", disse Kerry.
Ontem, Bush permaneceu na
Flórida, onde fez campanha e afirmou que há sinais "vigorosos" de
que a economia americana está
em recuperação.
A principal crítica a Bush é que
2,8 milhões de trabalhadores do
setor industrial perderam seus
empregos nos EUA desde que ele
assumiu a Casa Branca, em 2001.
Na quinta-feira, a candidatura
Kerry deverá receber o apoio formal da AFL-CIO, a maior central
de trabalhadores dos EUA, tradicionalmente democrata, com 64
sindicatos filiados que representam mais de 13 milhões de pessoas.
Ontem, o jornal "The New York
Post" sustentou que o ex-presidente democrata Bill Clinton
também vem querendo se engajar
na candidatura Kerry e que estaria pressionando o pré-candidato
para ter o general da reserva Wesley Clark como seu vice.
Clark, que abandonou na semana passada a corrida pela indicação democrata, vinha usando
parte da estrutura política do casal Bill e Hillary Clinton, conterrâneos de Little Rock, Arkansas, em
sua pré-candidatura.
Além de Clark, que já declarou
seu apoio a Kerry, os democratas
consideram para vice os nomes
de John Edwards, caso o senador
abandone a corrida após a "super-terça", e de Bill Richardson,
governador do Novo México, para atrair votos de latinos por causa
de suas origens.
Howard Dean também já declarou que ""faria qualquer coisa" para derrotar Bush em novembro,
inclusive participar como candidato a vice-presidente na chapa
do partido.
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