São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Assessor diz que ex-governador democrata deve apoiar Kerry, favorito em primária hoje em Wisconsin

Dean perde o seu chefe de campanha

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WISCONSIN

A campanha do pré-candidato democrata Howard Dean mergulhou ontem em uma nova crise com a demissão de seu gerente nacional, Steve Grossman, na véspera da primária de Wisconsin, na qual o senador John Kerry é mais uma vez o grande favorito.
A saída de Grossman ocorreu um dia depois de ele ter declarado que o ex-governador de Vermont deveria anunciar seu apoio a Kerry caso fosse derrotado em Wisconsin hoje.
"Tenho certeza que ele [Dean] vai apoiar o indicado, e é óbvio que esse nome parece ser o de Kerry. Dean deve fazer isso na terça [hoje] à noite ou esperar até quarta ou quinta", disse Grossman antes da demissão.
O anúncio da saída foi feito pelo próprio Dean. "Não me sinto traído. Mas, daqui em diante, eu respondo pela minha campanha", afirmou o pré-candidato, sem explicar se tomou a iniciativa de demitir Grossman, que é amigo pessoal de John Kerry há mais de 34 anos.
Dean vem sendo pressionado por toda a cúpula do Partido Democrata a abandonar a corrida eleitoral caso seja derrotado hoje em Wisconsin. Há alguns dias, o pré-candidato prometeu que sairia da disputa após um fracasso no Estado, mas acabou voltando atrás da declaração.
As últimas pesquisas em Wisconsin mostram Kerry com 47% das intenções de voto. Dean aparece com 23%. O senador pela Carolina do Norte, John Edwards, tem 20%.
Cerca de 1,6 milhão de pessoas devem votar hoje para escolher 72 delegados do partido. Além da primária democrata, serão realizados também um referendo sobre a legalização do jogo no Estado e uma prévia para a eleição do prefeito da capital, Milwaukee.
Até agora, Kerry venceu 14 das 16 prévias disputadas rumo à eleição presidencial de novembro.
Dean, que não teve nenhuma vitória, considera agora duas opções: abandonar a corrida a partir desta semana ou enxugar a estrutura de sua campanha e esperar até a chamada ""super-terça", em 2 de março, quando dez Estados fazem suas prévias no mesmo dia.
Os resultados da ""super-terça" também serão determinantes para John Edwards. Ele venceu apenas uma prévia, na Carolina do Sul, durante a atual pré-campanha democrata que oficializará em julho o nome do partido para concorrer contra o republicano George W. Bush.

Ataque a Bush
Ontem, apesar do novo revés, Dean manteve sua agenda de candidato e dirigiu ataques contra o presidente, que também foi criticado por Kerry.
O senador por Massachusetts ridicularizou Bush por ter participado da largada, no domingo, de uma corrida de automóveis na Flórida que atraiu mais de 180 mil pessoas.
"Não precisamos de um presidente que diga: "Senhores, dêem partida em seus motores". Precisamos de alguém que ponha a economia para andar e criar empregos", disse Kerry.
Ontem, Bush permaneceu na Flórida, onde fez campanha e afirmou que há sinais "vigorosos" de que a economia americana está em recuperação.
A principal crítica a Bush é que 2,8 milhões de trabalhadores do setor industrial perderam seus empregos nos EUA desde que ele assumiu a Casa Branca, em 2001.
Na quinta-feira, a candidatura Kerry deverá receber o apoio formal da AFL-CIO, a maior central de trabalhadores dos EUA, tradicionalmente democrata, com 64 sindicatos filiados que representam mais de 13 milhões de pessoas.
Ontem, o jornal "The New York Post" sustentou que o ex-presidente democrata Bill Clinton também vem querendo se engajar na candidatura Kerry e que estaria pressionando o pré-candidato para ter o general da reserva Wesley Clark como seu vice.
Clark, que abandonou na semana passada a corrida pela indicação democrata, vinha usando parte da estrutura política do casal Bill e Hillary Clinton, conterrâneos de Little Rock, Arkansas, em sua pré-candidatura.
Além de Clark, que já declarou seu apoio a Kerry, os democratas consideram para vice os nomes de John Edwards, caso o senador abandone a corrida após a "super-terça", e de Bill Richardson, governador do Novo México, para atrair votos de latinos por causa de suas origens.
Howard Dean também já declarou que ""faria qualquer coisa" para derrotar Bush em novembro, inclusive participar como candidato a vice-presidente na chapa do partido.


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