DA REDAÇÃO

René Préval, 63, já tem lugar na história do Haiti como o primeiro e único presidente eleito a terminar o mandato sem interrupção. Seu governo, de 1996 a 2001, intercalou dois mandatos de Jean-Bertrand Aristide, que o projetou na política.
Embora negue que seja atualmente um aliado de Aristide, exilado na África do Sul após ser derrubado, em fevereiro de 2004, Préval conseguiu ampla votação sobretudo porque conseguiu atrair a imensa popularidade do ex-presidente entre os pobres do país.
Ao longo da campanha, Préval manteve uma posição ambígua sobre Aristide, sobretudo ao dizer que não se opõe ao seu retorno- provavelmente o tema mais explosivo da política haitiana.
Em entrevista à Folha, disse que rejeita qualquer "etiqueta" ideológica, mas que não se importa em ser chamado de esquerda.
A primeira grande função política de Préval foi em 1991, quando se tornou o premiê do país no início do primeiro governo Aristide. A experiência durou poucos meses por causa de um golpe de Estado militar.
Após a volta de Aristide -promovida pelos EUA-, Préval foi escolhido para concorrer à Presidência como o candidato governista. Durante a sua administração, adotou medidas fora do receituário da esquerda, como a privatização de empresas públicas e um acordo com o FMI.
O futuro presidente vai assumir o país mais pobre e instável das Américas, que tenta sair de uma paralisia iniciada há dois anos, quando uma onda de violentos protestos pelo país culminou na queda de Aristide.
Os problemas estruturais do Haiti são gravíssimos: 76% da população vive com menos de US$ 2 por dia, e 47% sofrem de desnutrição, um dos índices mais altos do mundo, segundo a ONU.


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