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Decisão final foi dos haitianos, diz Amorim
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O chanceler Celso Amorim tratou ontem de reforçar que a decisão do Conselho Eleitoral Provisório do Haiti de declarar vitorioso o candidato René Préval foi soberana e apenas contou com a colaboração da comunidade internacional, inclusive do Brasil.
A preocupação do Itamaraty foi
evitar que a solução dada ao impasse no Haiti fosse interpretada
como ingerência do governo brasileiro, já que o desfecho fora antecipado na quarta-feira pelo assessor especial da Presidência,
Marco Aurélio Garcia, o que desagradou ao Itamaraty.
"A interpretação que permitiu
chegar a essa conclusão foi feita
pelos haitianos, pelo ministro da
Justiça, referendada pelos membros do Conselho Eleitoral, todos
haitianos".
Na quarta-feira, Garcia havia
afirmado que uma das soluções
que estavam sendo consideradas
seria mudar as regras e anular os
votos em branco, o que beneficiaria Préval.
Para Amorim a decisão foi correta e não macula a retomada do
processo democrático no Haiti
porque os indícios de fraude nas
eleições pesavam justamente sobre os votos em branco.
Sobre a antecipação do desfecho por Garcia, Amorim disse
que "talvez o professor Marco
Aurélio Garcia tenha uma boa capacidade de adivinhação".
"A decisão fortalece a democracia no Haiti, e não fomos nós que
a tomamos, mas o povo haitiano,
que votou maciçamente pelo candidato Préval. Fico contente que a
decisão que confirma a visão que
temos foi tomada pelas autoridades haitianas", disse.
Ele disse que o Brasil pretende
continuar ajudando o Haiti e que
não há data prevista para a retirada da Missão de Estabilização das
Nações Unidas no Haiti (Minustah), comandada pelo Brasil e cujo mandato foi renovado nesta semana por mais seis meses.
"Nós estamos prontos para ajudar o Haiti. Creio que o Haiti vá
precisar de ajuda na fase de consolidação, mas, por quanto tempo
se necessitará das forças armadas,
é algo que será decidido pela ONU
e isso agora também será discutido com o governo agora legitimamente eleito", disse.
Segundo Amorim, no dia 21 o
governo vai oferecer um jantar na
Embaixada do Brasil em Washington a altos funcionários de
todos os países envolvidos na recuperação do Haiti, para discutir
ajuda financeira.
Ontem, Amorim telefonou para
Préval para cumprimentar o presidente eleito, que prometeu visitar o Brasil antes de sua posse,
prevista para o dia 29 de março.
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