São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

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Decisão final foi dos haitianos, diz Amorim

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O chanceler Celso Amorim tratou ontem de reforçar que a decisão do Conselho Eleitoral Provisório do Haiti de declarar vitorioso o candidato René Préval foi soberana e apenas contou com a colaboração da comunidade internacional, inclusive do Brasil.
A preocupação do Itamaraty foi evitar que a solução dada ao impasse no Haiti fosse interpretada como ingerência do governo brasileiro, já que o desfecho fora antecipado na quarta-feira pelo assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, o que desagradou ao Itamaraty.
"A interpretação que permitiu chegar a essa conclusão foi feita pelos haitianos, pelo ministro da Justiça, referendada pelos membros do Conselho Eleitoral, todos haitianos".
Na quarta-feira, Garcia havia afirmado que uma das soluções que estavam sendo consideradas seria mudar as regras e anular os votos em branco, o que beneficiaria Préval.
Para Amorim a decisão foi correta e não macula a retomada do processo democrático no Haiti porque os indícios de fraude nas eleições pesavam justamente sobre os votos em branco.
Sobre a antecipação do desfecho por Garcia, Amorim disse que "talvez o professor Marco Aurélio Garcia tenha uma boa capacidade de adivinhação".
"A decisão fortalece a democracia no Haiti, e não fomos nós que a tomamos, mas o povo haitiano, que votou maciçamente pelo candidato Préval. Fico contente que a decisão que confirma a visão que temos foi tomada pelas autoridades haitianas", disse.
Ele disse que o Brasil pretende continuar ajudando o Haiti e que não há data prevista para a retirada da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), comandada pelo Brasil e cujo mandato foi renovado nesta semana por mais seis meses.
"Nós estamos prontos para ajudar o Haiti. Creio que o Haiti vá precisar de ajuda na fase de consolidação, mas, por quanto tempo se necessitará das forças armadas, é algo que será decidido pela ONU e isso agora também será discutido com o governo agora legitimamente eleito", disse.
Segundo Amorim, no dia 21 o governo vai oferecer um jantar na Embaixada do Brasil em Washington a altos funcionários de todos os países envolvidos na recuperação do Haiti, para discutir ajuda financeira.
Ontem, Amorim telefonou para Préval para cumprimentar o presidente eleito, que prometeu visitar o Brasil antes de sua posse, prevista para o dia 29 de março.


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