São Paulo, sábado, 17 de março de 2007

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Prêmio Nobel crê em acordo de paz definitivo entre Coréias neste ano

Para ex-presidente sul-coreano, risco de crise humanitária assusta Pyongyang

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

O conflito coreano jamais esteve tão próximo de ser resolvido por meio de um acordo de paz, que pode ser assinado ainda neste ano. A avaliação otimista é do ex-presidente sul-coreano Kim Dae Jung, que recebeu o Nobel da Paz em 2000 pelos esforços para pacificar a península.
Em uma conferência em Seul, Kim Dae Jung disse que as dificuldades vividas pelos governos da Coréia do Norte e dos EUA tornaram possível o entendimento sobre a questão nuclear em fevereiro: enquanto Washington precisa de um sucesso diplomático para compensar seus fracassos no Oriente Médio, especialmente no Iraque, Pyongyang necessita de apoio econômico urgente.
Para Kim, hoje o risco de uma nova crise humanitária devido às dificuldades econômicas assusta o regime norte-coreano tanto quanto a ameaça militar americana. "A situação da Coréia do Norte é desesperadora e o regime corre risco de colapso se não receber ajuda econômica rápida", disse o ex-presidente. "O regime norte-coreano sabe que a bomba atômica não garante sua sobrevivência. Por isso acho que há grande chance de a atual negociação avançar rumo a um acordo de paz ainda neste ano."

Otimismo
O otimismo de Kim ganhou eco nas páginas dos jornais sul-coreanos. Segundo o diário "Korea Times", há intensa movimentação diplomática para viabilizar um encontro entre o presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-il, nos próximos meses. O encontro poderia ter a participação do presidente Bush, dos EUA.
O jornal afirma que o objetivo é realizar um encontro entre os líderes das duas Coréias em 15 de agosto, quando será comemorado o Dia da Libertação do domínio japonês (1945).
O encontro seria sucedido de uma reunião de cúpula com a participação de EUA e China, em setembro, para a assinatura de um acordo de paz.
Kim Dae Jung, cuja Política do Raio de Sol deu início a um processo de reaproximação que incluiu ajuda econômica e encontros entre famílias separadas pelo conflito que dividiu a península (1950-1953), acredita que há hoje nos dois lados um clima apropriado para a assinatura de um acordo que ponha fim ao estado de guerra que persiste entre os dois países.
"O povo norte-coreano abandonou muito de sua hostilidade e desconfiança depois de receber arroz, fertilizantes e medicamentos do Sul. Eles agora têm a sensação de amor fraterno, confiança e gratidão em relação à Coréia do Sul", disse.
Porém, num sinal de que ainda há um longo caminho para que se vença a desconfiança, a Coréia do Norte acusou os EUA e o Japão de "espalhar mentiras", depois que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) suspendeu suas operações no país. A suspensão ocorreu após o governo americano acusar Pyongyang de desviar fundos da ONU.


O jornalista Marcelo Ninio viajou a convite da Associação de Jornalistas da Coréia


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