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Prêmio Nobel crê em acordo de paz definitivo entre Coréias neste ano
Para ex-presidente sul-coreano, risco de crise humanitária assusta Pyongyang
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
O conflito coreano jamais esteve tão próximo de ser resolvido por meio de um acordo de
paz, que pode ser assinado ainda neste ano. A avaliação otimista é do ex-presidente sul-coreano Kim Dae Jung, que recebeu o Nobel da Paz em 2000
pelos esforços para pacificar a
península.
Em uma conferência em
Seul, Kim Dae Jung disse que
as dificuldades vividas pelos
governos da Coréia do Norte e
dos EUA tornaram possível o
entendimento sobre a questão
nuclear em fevereiro: enquanto
Washington precisa de um sucesso diplomático para compensar seus fracassos no Oriente Médio, especialmente no
Iraque, Pyongyang necessita de
apoio econômico urgente.
Para Kim, hoje o risco de
uma nova crise humanitária
devido às dificuldades econômicas assusta o regime norte-coreano tanto quanto a ameaça
militar americana. "A situação
da Coréia do Norte é desesperadora e o regime corre risco de
colapso se não receber ajuda
econômica rápida", disse o ex-presidente. "O regime norte-coreano sabe que a bomba atômica não garante sua sobrevivência. Por isso acho que há
grande chance de a atual negociação avançar rumo a um acordo de paz ainda neste ano."
Otimismo
O otimismo de Kim ganhou
eco nas páginas dos jornais sul-coreanos. Segundo o diário
"Korea Times", há intensa movimentação diplomática para
viabilizar um encontro entre o
presidente sul-coreano, Roh
Moo-hyun, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-il, nos próximos meses. O encontro poderia ter a participação do presidente Bush, dos EUA.
O jornal afirma que o objetivo é realizar um encontro entre
os líderes das duas Coréias em
15 de agosto, quando será comemorado o Dia da Libertação
do domínio japonês (1945).
O encontro seria sucedido de
uma reunião de cúpula com a
participação de EUA e China,
em setembro, para a assinatura
de um acordo de paz.
Kim Dae Jung, cuja Política
do Raio de Sol deu início a um
processo de reaproximação que
incluiu ajuda econômica e encontros entre famílias separadas pelo conflito que dividiu a
península (1950-1953), acredita que há hoje nos dois lados
um clima apropriado para a assinatura de um acordo que ponha fim ao estado de guerra que
persiste entre os dois países.
"O povo norte-coreano abandonou muito de sua hostilidade
e desconfiança depois de receber arroz, fertilizantes e medicamentos do Sul. Eles agora
têm a sensação de amor fraterno, confiança e gratidão em relação à Coréia do Sul", disse.
Porém, num sinal de que ainda há um longo caminho para
que se vença a desconfiança, a
Coréia do Norte acusou os EUA
e o Japão de "espalhar mentiras", depois que o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) suspendeu
suas operações no país. A suspensão ocorreu após o governo
americano acusar Pyongyang
de desviar fundos da ONU.
O jornalista Marcelo Ninio viajou a convite da
Associação de Jornalistas da Coréia
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