São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / RUMO À PENSILVÂNIA

Maioria vê Hillary como desonesta Obama encosta em senadora na Pensilvânia, que tem prévia nesta terça, e dilata vantagem nacional

Ex-primeira-dama vence último debate antes das primárias; apesar das críticas mútuas, candidatos aliviaram tom dos ataques


SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL À FILADÉLFIA

Hillary Clinton não parece honesta nem confiável para 6 em cada 10 eleitores americanos. E, entre os democratas, a percepção da honestidade da ex-primeira-dama está 23 pontos percentuais atrás de seu rival no partido, Barack Obama, em 63%, e 13 pontos atrás de levantamento de 2006. É o que aponta pesquisa divulgada ontem pelo "Washington Post" e o jornalismo da emissora ABC.
É um dos piores resultados num dia pródigo tanto em pesquisas de opinião e intenção de voto como em números negativos para a senadora. Os levantamentos chegam a menos de uma semana das primárias de terça da Pensilvânia, que podem definir uma disputa que se estende há quase quatro meses e ameaça chegar até a convenção que escolherá o candidato do partido à Presidência dos EUA, no final de agosto.
Segundo levantamento diário do Gallup, Obama completou ontem seu décimo dia seguido como líder das pesquisas nacionais fora da margem de erro. No mais recente, batia Hillary por oito pontos percentuais. Segundo o instituto de pesquisas, os comentários recentes do senador de que a crise econômica tinha deixado alguns eleitores do interior da Pensilvânia "amargos" não influíram em sua performance.
Em conversa em encontro fechado com doadores em San Francisco, na semana passada, que acabou na blogosfera, Obama disse: "Não surpreende que as pessoas tenham se tornado amarguradas e apelem para armas ou religião, ou para a rejeição de pessoas que não são como elas, como em sentimentos antiimigração, para explicar suas frustrações".
Desde então, tanto Hillary quanto o republicano John McCain se uniram nos ataques a Obama, chamando-o em diversas ocasiões de "elitista" -o que para alguns analistas pareceu irônico vindo tanto da ex-primeira-dama, que nas últimas semanas revelou que sua fortuna atual é de US$ 100 milhões, como de um abastado filho e neto de almirantes, casado com uma milionária.

Último debate
No 21º debate entre pré-candidatos democratas, ontem, os senadores baixaram o tom mútuos dos ataques dos últimos dias, mas não deixaram de criticar um ao outro. Esse, na Filadélfia, foi de longe o encontro em que Obama foi mais duramente questionado pelos moderadores, principalmente sobre seus comentários a respeito da "amargura" dos eleitores e sua relação com o polêmico pastor Jeremiah Wright.
Hillary disse que teria se distanciado do líder religioso logo após ele ter criticado os EUA em relação aos ataques de 11 de Setembro, e Obama definiu a discussão como uma "distração" das questões mais importantes. Mas a ex-primeira-dama foi enfática ao responder que Obama tinha capacidade de vencer John McCain caso fosse o escolhido, algo que sua campanha vem pondo em dúvida. "Sim, sim, sim", afirmou.
Ambos prometeram retirar as tropas americanas do Iraque, a começar em até 60 dias após a posse, no caso de Hillary, e em no máximo 16 meses, no caso de Obama. O senador prometeu ainda investir US$ 150 bilhões num prazo de dez anos em fontes de energia alternativas, no que batizou de "Manhattan Project", como o do time de cientistas que construiu a primeira bomba atômica.
E Hillary venceu o embate. Pelo menos segundo levantamento em tempo real feito pela emissora ABC, que transmitiu o confronto, com eleitores indecisos que acompanhavam tudo com um aparelho em que registravam suas reações ao desempenho dos candidatos. Ela teve 50% de avaliação positiva, ante 23% do senador.


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