|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Parentes de vítimas organizam o
primeiro protesto contra governo
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A notícia de que o presidente
George W. Bush havia sido avisado de possíveis sequestros de
aviões envolvendo Osama bin Laden antes de 11 de setembro provocou revolta em parte dos parentes das vítimas do ataque terrorista em Nova York.
"Pela nossa segurança, queremos uma investigação para que
isso nunca mais se repita", disse
Kristen Breitweiser, da Families of
September 11th (famílias de 11 de
Setembro), ONG que reúne viúvas de Nova Jersey, Estado vizinho a Nova York.
A entidade foi uma das primeiras a se manifestar ontem e organiza o primeiro protesto de que se
tem notícia contra a atuação das
autoridades no episódio, marcado para acontecer em 11 de junho
em frente ao Capitólio, sede do
Legislativo, em Washington.
O objetivo é dar apoio a um projeto de lei dos senadores Joseph
Lieberman (democrata, Estado de
Connecticut) e John McCain (republicano, Arizona) que estabelece uma comissão nacional para
investigar o ataque.
"Eles disseram que as informações obtidas eram incipientes,
mas, uma vez que o quadro estava
claro na manhã de 11 de setembro,
por que não fizeram nada?", perguntou Breitweiser, que perdeu o
marido nos atentados. "Por que
permitiram que o presidente ficasse sentado com um grupo de
alunos por 35 minutos enquanto
seu país estava sob ataque?"
Mais radical é Carmen Shardone, do Brooklyn, em Nova York.
"Não tenho fé em mais ninguém",
disse ela, cujo irmão morreu com
o choque do primeiro avião, deixando mulher e quatro filhos.
"Culpo o governo. Se eles sabiam,
por que não nos avisaram?"
Os protestos fizeram com que o
prefeito da cidade, o republicano
Michael Bloomberg, viesse a público defender seu companheiro
de partido. "Estive com o vice-presidente Dick Cheney e posso
dizer que é ultrajante achar que o
presidente Bush não fez tudo o
que estava a seu alcance sobre as
ameaças terroristas", afirmou.
O prefeito anunciou o dia oficial
em que a cidade encerrará os trabalhos de limpeza e busca nos escombros do World Trade Center:
30 de maio. Várias cerimônias estão programadas para ocorrer,
mas o anúncio atraiu críticas.
É que até agora, apesar dos esforços no que já foi considerada a
maior cena de crime do mundo,
os corpos de apenas 1.025 das
2.823 vítimas foram recuperados.
"Mas os esforços de identificação
continuarão nos depósitos de entulho", disse Bloomberg.
Texto Anterior: Ainda não há indício de falha de Bush, diz analista Próximo Texto: Afegãos dizem que Bin Laden pode estar vivo Índice
|