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Prefeito opositor de Buenos
Aires vira réu e culpa governo
Mauricio Macri, pré-candidato à Presidência, responderá a processo sobre espionagem
Juiz que decidiu abrir a investigação contra político tem no currículo decisões polêmicas favoráveis ao casal presidencial argentino
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
A Justiça argentina decidiu
processar o prefeito de Buenos
Aires e pré-candidato opositor
à Presidência do país, Mauricio
Macri. Ele é acusado de usar o
cargo para comandar esquema
de espionagem articulado por
membros de seu governo.
Considerado um dos principais nomes da oposição ao governo da presidente Cristina
Kirchner, o prefeito nega as
acusações e disse que está sendo alvo de uma armação política orquestrada por Cristina e
por seu marido e antecessor,
Néstor Kirchner.
A abertura do processo foi
anunciada na noite de sexta-feira pelo juiz Norberto Oyarbide, que tem no currículo decisões polêmicas, muitas delas
favoráveis ao casal Kirchner.
A principal delas é o arquivamento sumário de uma denúncia de enriquecimento ilícito
contra Néstor e Cristina, em
dezembro do ano passado.
O esquema de escutas ilegais,
que supostamente contou com
a participação de Macri, começou em 2007 e vem sendo investigado há mais de seis meses. Estão presos preventivamente o ex-chefe da polícia de
Buenos Aires Jorge Palacios e o
espião Ciro James.
Segundo as investigações,
Macri mandou a secretaria da
Educação da capital contratar
James para interceptar chamadas telefônicas de interesse
pessoal. Um dos alvos foi seu
cunhado, Néstor Leonardo.
O clã Macri desconfiava das
intenções de Leonardo em relação à fortuna da família. O
próprio pai do prefeito reconheceu que já havia procurado
uma agência de investigação
particular para monitorá-lo.
A outra vítima do esquema é
Sergio Burstein, que perdeu familiares no atentado terrorista
realizado contra a AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina), em 1994.
Segundo o juiz Oyarbide, o
principal interessado em monitorar Burstein era Jorge Palacios, policial de confiança de
Macri. Burstein teve sérios desentendimentos com Palacios
em razão das investigações sobre o atentado e tentava levar o
policial à Justiça.
Macri conquistou sua popularidade ao ser bem-sucedido
como presidente do maior clube de futebol do país, o Boca Juniors, e ampliou seu espaço na
política nacional nas eleições
legislativas de 2009, quando
patrocinou o bloco que venceu
a aliança kirchnerista Frente
para a Vitória.
No sábado, já na condição de
réu, o prefeito descartou a possibilidade de renunciar ao cargo, uma vez que pode responder o processo em liberdade, e
reafirmou sua intenção de ser
candidato à Presidência nas
eleições de 2011.
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