São Paulo, segunda-feira, 17 de maio de 2010

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Prefeito opositor de Buenos Aires vira réu e culpa governo

Mauricio Macri, pré-candidato à Presidência, responderá a processo sobre espionagem

Juiz que decidiu abrir a investigação contra político tem no currículo decisões polêmicas favoráveis ao casal presidencial argentino

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

A Justiça argentina decidiu processar o prefeito de Buenos Aires e pré-candidato opositor à Presidência do país, Mauricio Macri. Ele é acusado de usar o cargo para comandar esquema de espionagem articulado por membros de seu governo.
Considerado um dos principais nomes da oposição ao governo da presidente Cristina Kirchner, o prefeito nega as acusações e disse que está sendo alvo de uma armação política orquestrada por Cristina e por seu marido e antecessor, Néstor Kirchner.
A abertura do processo foi anunciada na noite de sexta-feira pelo juiz Norberto Oyarbide, que tem no currículo decisões polêmicas, muitas delas favoráveis ao casal Kirchner.
A principal delas é o arquivamento sumário de uma denúncia de enriquecimento ilícito contra Néstor e Cristina, em dezembro do ano passado.
O esquema de escutas ilegais, que supostamente contou com a participação de Macri, começou em 2007 e vem sendo investigado há mais de seis meses. Estão presos preventivamente o ex-chefe da polícia de Buenos Aires Jorge Palacios e o espião Ciro James.
Segundo as investigações, Macri mandou a secretaria da Educação da capital contratar James para interceptar chamadas telefônicas de interesse pessoal. Um dos alvos foi seu cunhado, Néstor Leonardo.
O clã Macri desconfiava das intenções de Leonardo em relação à fortuna da família. O próprio pai do prefeito reconheceu que já havia procurado uma agência de investigação particular para monitorá-lo.
A outra vítima do esquema é Sergio Burstein, que perdeu familiares no atentado terrorista realizado contra a AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina), em 1994.
Segundo o juiz Oyarbide, o principal interessado em monitorar Burstein era Jorge Palacios, policial de confiança de Macri. Burstein teve sérios desentendimentos com Palacios em razão das investigações sobre o atentado e tentava levar o policial à Justiça.
Macri conquistou sua popularidade ao ser bem-sucedido como presidente do maior clube de futebol do país, o Boca Juniors, e ampliou seu espaço na política nacional nas eleições legislativas de 2009, quando patrocinou o bloco que venceu a aliança kirchnerista Frente para a Vitória.
No sábado, já na condição de réu, o prefeito descartou a possibilidade de renunciar ao cargo, uma vez que pode responder o processo em liberdade, e reafirmou sua intenção de ser candidato à Presidência nas eleições de 2011.


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