São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2011

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Dívida americana bate no teto com disputa política por gastos

Tesouro dos EUA atingiu limite de endividamento de US$ 14,3 trilhões e corre risco de calote

Governo toma medidas emergenciais, mas o Congresso terá até o início de agosto para votar outro máximo

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O Departamento do Tesouro atingiu ontem o limite da dívida que o governo americano pode adquirir para pagar contas federais, deixando o país mais perto do risco de calote a não ser que um acordo no Congresso eleve esse teto.
Segundo o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, medidas emergenciais para economizar e abrir espaço para novos empréstimos serão esgotadas no máximo em 2 de agosto, quando o governo deverá começar a escolher o que pagar e o que ficar devendo.
O valor do teto da dívida pública, de US$ 14,294 trilhões, representa o quanto o governo está autorizado a pegar emprestado -principalmente via emissão de títulos- para pagar compromissos já existentes, como programas de saúde pública para idosos, seguridade social e salários de militares.
O limite é fixado pelo Congresso e aumentá-lo não significaria incorrer em gastos novos, apenas em honrar os antigos, que não param de aumentar.
Mas aumentar o limite é extremamente complicado no ambiente de crescente deficit federal (a diferença entre o que o governo gasta e arrecada, estimada em US$ 1,5 trilhão neste ano).
Esta é hoje a maior batalha política dos EUA, principalmente na perspectiva das eleições de 2012.
A oposição republicana, que tem maioria na Câmara, afirma que só permitirá a elevação do teto se a Casa Branca concordar em eliminar drasticamente boa parte dos gastos atuais sem aumentar impostos. A Casa Branca diz que só cortar gastos não adianta. Não havia ontem sinal de acordo próximo.

PRÓXIMOS PASSOS
Um calote pode levar a outra crise financeira e lançar o país de volta à recessão.
Os títulos do Tesouro são há muito considerados um dos investimentos mais seguros disponíveis, e inúmeros empréstimos e acordos comerciais são baseados em seu valor.
Atingir o teto da dívida não significa calamidade da noite para o dia. Investidores ainda não começaram a fugir dos títulos americanos, mas a expectativa é que comecem a preferir os de curto prazo.
Geithner anunciou ontem que por enquanto apenas suspenderá investimentos em fundos de aposentadorias federais.
O secretário advertiu o Congresso de que é preciso autorizar logo novo limite "para proteger a confiança dos EUA e evitar consequências econômicas catastróficas para os americanos."


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