São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Brasileiro será julgado por ofensa branda

Advogado Rodrigo Moreto Cubek foi preso no Paquistão por gritar palavras sobre a Virgem Maria em mesquita

Embaixada do Brasil no Paquistão acredita que o brasileiro pode ser solto sem nem ao menos cumprir pena no país

FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

O brasileiro detido no Paquistão por perturbar as orações na principal mesquita de Islamabad, capital do país, será julgado sob acusação de promover "animosidade" em grupos diversos.
O advogado Rodrigo Moreto Cubek foi preso na última sexta-feira (13) após gritar palavras sobre a Virgem Maria na mesquita de Faisal.
Posteriormente, ele admitiu à embaixada brasileira ter feito o mesmo em outros dois templos, nas cidades de Quetta e Peshawar.
"Deus falou comigo para eu fazer isso", disse o advogado a funcionários da embaixada brasileira.
De acordo com o Itamaraty, o brasileiro foi enquadrado a princípio pelo crime de injúria e difamação, cuja pena é rígida naquele país.
A defesa do brasileiro, no entanto, conseguiu mudar a acusação e, assim, aliviar uma possível punição.
A Embaixada do Paquistão no Brasil contesta a informação de que, a princípio, o brasileiro teria cometido um crime grave, segundo o conselheiro Syed Maroof, que responde pela embaixada.
"Ele nunca foi preso pelas leis que tratam de blasfêmia. O fato é que ele estava perturbando as pessoas num local público. Ele estava dizendo coisas sobre Maria e o cristianismo e queria discutir com as pessoas", afirmou o diplomata em entrevista à Folha.
Questionado se o brasileiro também seria preso caso fizesse o mesmo numa praça ou outro local público, Maroof preferiu não responder.
"Não posso especular sobre o que não aconteceu", afirmou. Ele comparou o dia de rezas na mesquita à missa de domingo dos cristãos.

SEM PENA
Segundo o governo brasileiro, Cubek usou vestimenta tradicional para entrar no local reservado aos muçulmanos e foi retirado por agentes da própria segurança da mesquita sob risco de agressão dos fiéis presentes.
Maroof disse não saber a pena prevista para esse tipo de crime, mas acredita que o brasileiro pode ser solto sem mesmo cumprir nenhuma pena no país.
"Isso depende do juiz, das circunstâncias, da investigação da polícia. É uma ofensa, claro, mas [a punição] não deve ser algo sério."
A expectativa é de que o caso seja encerrado hoje, numa nova audiência na capital Islamabad.
Mas há chances de o juiz afirmar que ainda não tem elementos necessários para julgar o caso de Cubek e adiar a decisão.
O Ministério de Relações Exteriores brasileiro espera que Cubek seja deportado em breve -seu visto venceu em 10 de maio passado.
A embaixada brasileira garantiu a defesa do advogado na Justiça paquistanesa, pagou suas contas no hotel e reuniu seus pertences para uma rápida saída do país.


Texto Anterior: Dívida americana bate no teto com disputa política por gastos
Próximo Texto: "Morte de Osama ajuda revolta árabe"
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.