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ORIENTE MÉDIO
Colonos judeus e extrema direita israelense criticam ação; palestinos dizem que construção é sinal de apartheid
Israel começa a erguer cerca na Cisjordânia
PHIL REEVES
DO "INDEPENDENT"
O governo de Israel deu início
ontem formalmente aos trabalhos
de construção dos primeiros quilômetros de uma cerca que irá dividir Israel do norte da Cisjordânia. Prevista para ter 121 km, a
cerca está causando críticas de colonos judeus, da extrema direita
israelense e dos moradores palestinos dos territórios ocupados pelos israelenses.
Tratores israelenses já retiravam terra de uma junção perto de
Afula, a partir de onde a cerca irá
se estender em direção ao sul,
buscando, segundo o governo,
frustrar as tentativas de suicidas
palestinos de se infiltrarem em Israel e atacar seus civis.
Israel espera que a cerca isole
quatro grandes cidades palestinas
da Cisjordânia -Jenin, Tulkarem, Qalqilya e Nablus. Elas demonstraram ser um foco de resistência violenta contra a ocupação
israelense.
Autoridades de Israel afirmaram que a cerca, que deve custar
cerca de US$ 1 milhão por quilômetro, terá sensores elétricos que
poderão detectar qualquer pessoa
que tente ultrapassá-la.
É parte de uma zona de contenção, que também incluirá tropas
do Exército, patrulhas policias de
fronteira e postos de observação,
ao longo da fronteira da Cisjordânia até um ponto próximo a Tel
Aviv -embora seu traçado exato
ainda não esteja claro.
Para o ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben Eliezer, é possível que a cerca se estenda por até
346 km -que era a mesma extensão da chamada "linha verde", de
1967, que dividia o território de Israel e a Cisjordânia.
Ben Eliezer descreveu a cerca
como não-política e temporária,
embora seus críticos afirmem
que, uma vez construída, será politicamente difícil removê-la.
O projeto, apoiado pelo primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, sofreu forte oposição dos
partidos de extrema direita, que
temem que a cerca possa se tornar
uma fronteira "de fato", o que iria
minar seus apelos para que Israel
retome a posse da Cisjordânia.
Saeb Erekat, principal negociador palestino, acusou Israel de
buscar dividir os territórios palestinos em pequenos cantões e "dar
início a um novo sistema de apartheid, que é pior do que aquele
que vigorou na África do Sul".
Autoridades palestinas afirmaram que isso irá acentuar ainda
mais a restrição à circulação dos
moradores da Cisjordânia, que já
precisam solicitar permissão às
autoridades de Israel para se deslocarem entre as maiores cidades.
Representantes dos cidadãos
árabe-israelenses estão furiosos
com o confisco de terra que a
construção da cerca irá requerer,
citando planos para expropriar
milhares de acres que pertencem
à cidade árabe-israelense de
Umm El Fahm.
Os serviços de segurança israelenses apontam o exemplo da faixa de Gaza, onde 1,3 milhão de palestinos está limitado por uma
cerca elétrica e uma zona de contenção para sustentar a construção. Segundo eles, os terroristas
não conseguem deixar a faixa de
Gaza, apenas a Cisjordânia.
No sábado, dois soldados israelenses haviam sido mortos por
militantes do grupo extremista
Hamas perto da colônia judaica
de Dugit, no norte de Gaza. Um
dos militantes foi morto.
Ontem à noite, cinco tanques israelenses entraram na cidade de
Jenin, na Cisjordânia.
Cercas menores feitas de blocos
de concreto, barreiras de metal,
trincheiras e barricadas foram
construídas por Israel em muitas
partes da Cisjordânia, o que não
tem impedido que palestinos continuem a se infiltrar em assentamentos judaicos nos territórios
ocupados. Alguns bloqueios separam a Cisjordânia do setor árabe de Jerusalém.
Mahmoud al Zahar, um dos líderes políticos do Hamas na faixa
de Gaza, previu que a cerca não
irá deter as ações dos membros
do grupo extremista.
Segundo uma porta-voz do ministro da Defesa de Israel, a primeira parte da cerca só deverá estar pronta em oito meses.
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