São Paulo, domingo, 17 de junho de 2007

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Fatah neutraliza o Hamas na Cisjordânia

Em resposta à perda de Gaza para os rivais, grupo do presidente Mahmoud Abbas ataca ministérios e o Parlamento

Militantes do Hamas saquearam em Gaza a casa onde morou Iasser Arafat, líder do Fatah morto em 2004; poder está dividido

DA REDAÇÃO

Procurando ontem assumir integralmente o controle da Cisjordânia, o Fatah saqueou e destruiu instituições ligadas ao Hamas, grupo islâmico que, após cinco dias de combates, desalojou-o na quinta-feira da faixa de Gaza. Com isso, os dois territórios palestinos ficaram divididos em definitivo entre as duas facções.
Na sede do Parlamento, em Ramallah, onde o Hamas tem a maioria no plenário, militantes do Fatah tomaram o telhado, dispararam rajadas para o ar e invadiram o gabinete do vice-presidente Hassan Kreisheh, ligado ao grupo islâmico. Tentaram seqüestrá-lo, mas foram impedidos por funcionários.
Comandos do Fatah também invadiram em Hebron os ministérios da Educação e do Interior. Fizeram o mesmo com o gabinete do primeiro-ministro.
Em Nablus, a prefeitura, controlada pelo Hamas, foi tomada de assalto por um grupo que hasteou a bandeira do Fatah. Os mesmos militantes seqüestraram altos funcionários do grupo inimigo e depuseram um responsável do Ministério de Assuntos Religiosos.
Em todas as repartições -sábado é dia útil no mundo islâmico- o Fatah avisou que pessoas próximas ao Hamas seriam presas caso comparecessem ao expediente.

Haniyeh controla Gaza
Em Gaza, o Hamas anunciou que libertaria ainda ontem, embora desarmados, comandantes militares do Fatah que foram presos durante os sangrentos combates da semana.
Um dos líderes do grupo islâmico, Ahmed Bahar, qualificou ontem de "inconstitucional" a decisão de Abbas de dar posse a Salam Fayyad como novo primeiro-ministro. O gabinete precisaria de aprovação parlamentar. Mas o Parlamento está há semanas imobilizado, depois que Israel prendeu parte da bancada islâmica.
Ismail Haniyeh, o premiê do Hamas exonerado por Abbas na quinta-feira, continuou, conforme o previsto, dando as cartas políticas em Gaza.
Ele ontem nomeou um novo chefe de polícia, general Said Fanouna. Um porta-voz de Haniyeh disse que não seriam demitidos em Gaza funcionários do segundo escalão vinculados à facção secular deposta.
O governo israelense afirmou que "sem o Hamas, há nova oportunidade de se negociar a paz" com o novo governo palestino de emergência, que deve tomar posse sem precisar de aprovação parlamentar, segundo decreto de Abbas.
Ainda em Gaza, militantes do Hamas saquearam e destruíram a casa do presidente da Autoridade Nacional Palestina Iasser Arafat, que morreu em 2004. Arafat foi fundador do Fatah e seu principal dirigente.
O Hamas também proibiu que seus policiais circulassem com o rosto coberto por máscaras. Eles o faziam com freqüência, para não serem identificados pelo Fatah.


Com agências internacionais


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